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Assistência Maria

DonaCast #009 – 29 de outubro, 2020

A Assistência Maria foi concebida como um benefício para que empresas possam oferecer apoio e suporte para suas funcionárias em situação de violência doméstica e risco.

Neste episódio, Roberta Fabruzzi e Janaina Guiotti conversam sobre a iniciativa com o Fabiano Moraes da Benefício Legal, empresa responsável pela Assistência Maria, além de discutir o papel social das empresas e o movimento do mercado para trazer cada vez mais diversidade para dentro das organizações.

Saiba mais sobre a Assistência Maria em: https://www.assistenciamaria.com.br/

Transcrição:

Ro: Começando mais um episódio DonaCast! Eu sou a Roberta Fabruzzi.

 

Jana: E eu a Janaina Guiotti.

 

Ro: E hoje a gente vai falar sobre o papel das empresas e esse movimento que Muitas delas têm feito, não só para a diversidade, mas também na valorização do funcionário como ser humano. E como que as empresas estão fazendo isso para suas culturas.

 

Jana: Nós vamos conversar com o Fabiano Moraes da Benefício Legal. Eles criaram o Assistência Maria – uma rede de atendimento especializada para ajudar mulheres em situação de violência doméstica e risco, que é oferecida pelas empresas para suas funcionárias.

Primeiramente, bem-vindo Fabiano! Primeiro de tudo, obrigada por aceitar nosso convite de contar um pouco sobre a rede. Eu queria então, para contextualizar, que você explicasse para as pessoas o que é a Benefício Legal e como surgiu a Assistência Maria.

 

Fabiano: Maravilha! A Benefício Legal ela é uma legaltech, que é um conceito relativamente novo no Brasil, né, mas que já vem ganhando projeção há algum tempo, são basicamente empresas que utilizam modelos de negócios inovadores e tecnologia aplicadas ao direito. Quando a gente fala “inovação” e “direito” parece que você tá misturando água e óleo, mas assim essa efetivamente é uma área do conhecimento que precisa muito de inovação, porque tem desafios enormes de demanda que não consegue ser atendida, deficiência dessa prestação de serviço. Então o conceito de legal tech vem ganhando bastante força no Brasil nos últimos anos. 

E a gente foi – nesse conceito de legaltech – foi inovar justamente onde o mercado ainda não se debruçou, que é do ponto de vista do usuário. Todas as modernidades e inovações desse meio é da adoção do processo eletrônico que facilitam a vida do juiz, do advogado, promotor… mas não necessariamente a vida do usuário final que precisa contratar um serviço jurídico, e muitas vezes não sabe como fazer isso.

Então a gente concebeu a benefício legal como uma empresa que cria assistências que fazem as pessoas poderem se preparar melhor para a hora de contratar um advogado de uma maneira mais inteligente. Então quando você vai contratar um seguro de vida você pensa em uma série de necessidades que a sua família vai precisar, “ah, eu preciso deixar uma indenização para ela porque quando eu falecer eu vou deixar de gerar receita e tudo mais”. Só que uma das grandes despesas que acontecem logo após o falecimento é uma despesa de você contratar um advogado para poder fazer o inventário e partilha,  que é algo que a lei determina. Só que ninguém se prepara para isso, e ninguém pensa em inventário e partilha porque as pessoas estão preocupadas em “como é que eu deixo a minha família bem abastecida na minha ausência?” 

Então a gente efetivamente revisitou a jornada desse nosso cliente, todo momento em que ele precisaria saber que ele queria contratar um serviço jurídico antes de ele efetivamente ter a necessidade disso. Então o conceito de assistência voltada ao serviço jurídico é bastante inovador no Brasil, a gente é a única empresa trabalhando nesse formato, e tá sendo muito legal ouvir o feedback de empresas e seguradoras que sempre buscavam posicionamento de produtos com essa natureza mas nunca tinha encontrado. Então a gente veio com essa novidade para o mercado.

E assistência Maria, ela veio justamente de uma conversa com uma cliente. É uma seguradora que estava conhecendo esse produto inventário e nos trouxe a demanda de algum produto que atendesse a questão da violência contra mulher, e isso já tem mais de um ano, então muito antes da pandemia a violência contra mulher sempre foi um tema ultra relevante no Brasil. Só que ele só ganhou talvez mais visibilidade nos últimos meses em que a questão da pandemia da covid-19 fez com que os números de relato disso crescessem de uma maneira realmente absurda. Tem estados que relatam um aumento no registro de violência e 80% 90%, mas todos esses números e já eram absurdos antes da pandemia, eles só não tinham tanta visibilidade e tanta sensibilidade da grande imprensa.  E aí depois de lá para cá eu acho que não tem nenhuma grande revista que não teve um editorial tratando sobre violência doméstica e violência contra mulher, a questão do assédio também ganhando muitos players importantes para trazer esse assunto aqui no Brasil e fora dele .

Então a gente saiu de lá com uma demanda de como é que a gente criaria um produto que pudesse ser distribuído em larga escala para enfrentar o tema da violência contra a mulher. 

E eu confesso, Janaína, que naquele momento isso não estava na nossa pauta. Como empresários a gente tava buscando outras soluções. Mas era um grande cliente e a gente efetivamente foi fazer a lição de casa, conhecemos muita gente boa nos últimos anos de pesquisa, a gente foi conversar com as maiores autoridades do segmento porque efetivamente tem gente que lidera esse assunto com muita propriedade há muito tempo no Brasil. E o que a gente percebeu é que existe – de um lado serviços públicos de escala municipal e coisas muito concentradas – e do outro lado algumas iniciativas sejam voluntárias, sejam ligadas à igrejas e tudo mais, que também fazem um papel muito importante. Mas não existe em escala nacional um serviço que possa desempenhar um papel do ponto de vista de sustentabilidade das empresas, né, como é que as empresas entendem que isso é relevante, como é que elas assumem o seu papel de investimento social nessa causa e elas entregam um serviço de qualidade na ponta.

Então para isso nasceu a Assistência Maria.

 

Ro: Você falou da Assistência Jurídica e da Assistência Maria, mas são serviços voltados para empresas na verdade, então?

 

Fabiano: A Assistência Maria ela como foi concebida inicialmente para ser um benefício corporativo, então – as empresas contratando para suas funcionárias. Mas eu falo que quando a gente concebe um produto, você imagina que o mercado vai querer e depois você ouve dele o que ele efetivamente quer. O primeiro grande player que a gente tá avançando é com o Banco Carrefour que fez agora em setembro um hackathon e a gente foi uma das empresas vencedoras do desafio de novos produtos e serviços. Eles querem justamente posicionar este produto é para as suas cartonistas, para suas clientes que têm cartão do banco Carrefour, e são mais de 4 milhões de mulheres no Brasil. 

Então assim, a gente efetivamente concebeu esse produto para ser um benefício corporativo, mas a gente também tá pivotando ele para que ele seja distribuído como benefício e como um serviço B2C.

 

Ro: Como que funciona exatamente a Assistência Maria? A pessoa tem um número? Como que…

 

Fabiano: A Assistência Maria é acionável por dois canais: pelo WhatsApp e pelo Messenger do Facebook, porque são os canais mais amigáveis, mais largamente distribuídos no Brasil e que não exigem que a usuária faça nenhum download de um aplicativo específico justamente para não deixar um rastro que possa comprometer a segurança dela, já que muitas vezes o agressor também tem contato com o celular, tem a senha do celular… então a gente não queria usar um canal que pudesse ser comprometedor. 

Então tanto pelo WhatsApp quanto pelo Messenger essa usuária nos acessa diretamente e ela vai ser atendida por uma assistente virtual chamada Maria que não vai se identificar inicialmente como ser um serviço de proteção à violência doméstica mas irá  simplesmente falar “Bem-vinda, eu sou a Maria, tudo o que a gente conversar vai ser nosso segredo. Qual é o seu CPF?” Então a gente vai fazer uma autenticação com alguns poucos dígitos para saber que ela é minha cliente, e feita essa autenticação aí sim ela começa a receber instruções da Maria sobre o que ela deveria fazer para que esse atendimento seja bem-sucedido.

A primeira orientação vai ser que la construa uma rede de proteção, que são até três pessoas da confiança dela, que podem ser pessoas da família, pessoas do trabalho,  vizinhos… mas pessoas que ela confie e que possam ser avisados em caso de urgência. Depois que ela construir essa rede de proteção se pode ser acionada seja por SMS ou por e-mail, basta que nesses mesmos canais ela peça ajuda a Maria já vai entender esse comando e disparar algumas mensagens.

Ela pode também agendar para poder conversar com assistente social que tem muita experiência em casos de violência doméstica. Então a gente usa a tecnologia para conseguir automatizar ganhar escala, mas a gente entende que o elemento humano nesse caso ele é fundamental para que efetivamente haja um atendimento de qualidade. 

 

Jana: É interessante saber disso porque há um tempo atrás eu tava com a ideia de criar um aplicativo para ajudar mulheres em situação de risco e durante as minhas pesquisas essa questão da proximidade da assistente social foi uma das coisas que eu incluí na ideia do aplicativo e tudo mais, mas eu não tinha pensado nessa coisa toda dela deixar rastros e é importante mesmo que ela tenha esse canal aberto e uma comunicação um pouco mais fácil pelo WhatsApp e pelo Facebook, mas eu tenho uma dúvida com relação a..tem mulheres que estão em situação de risco há muito tempo e um grande motivo delas estarem nessa situação é porque elas são dependentes financeiramente do homem. E por vezes têm filhos e tudo mais. Existe algum recurso ou ajuda que a assistência Maria dê nesse sentido por exemplo uma recolocação profissional ou algo desse tipo para a funcionária. Se bem que ela já está nesse contexto, né?

 

Fabiano: Exatamente. Você tocou num dos pontos que segundo as assistentes sociais que atuam nesse segmento, é um dos principais impeditivos da mulher pedir ajuda.

Muitas vezes ela sabe que existe 180, ela sabe que existe 190, ela sabe que existem ONGs só que ela não tem a certeza de que quando ela fizer uma denúncia, quando ela tomar uma atitude qual vai ser a consequência prática para ela e para os filhos. Então ela tem medo de perder a guarda dos filhos, tem medo de ser expulsa ele para casa, de perder acesso aos seus bens, e todos esses são medos muito reais que podem acontecer. Não que a lei determine que a mulher faz uma denúncia violência doméstica vai perder a guarda dos filhos, seria algo ilógico. Mas é a algo que é muito recorrente no pensamento dessa mulher.

Então o que a gente faz, primeiramente é através da assistente social esclarecer tudo que a lei determina, quais são as possibilidades, quais são os canais de denúncia possíveis e quais são as consequências práticas que uma denúncia pode gerar. E efetivamente pode gerar, então é obter uma medida protetiva de urgência que afaste o  agressor do lar pode ser uma das coisas mais importantes para fazer num primeiro momento, num segundo momento é que ela talvez tenha que mudar de cidade, ou não, ou ela simplesmente obter a prisão desse agressor para que não tenha mais esse contato. Então assim eu falo que a gente tem que tecer um plano muito tático para além de dar orientações genéricas sobre o que poderia ser feito,  a gente vai dar orientações sobre o que ela poderia fazer no caso dela porque é muito diferente uma mulher que esteja em São Paulo e uma mulher que esteja no Distrito Federal, por exemplo. Porque a rede de apoio que existe, os serviços públicos e privados… e gratuitos que existem em cada município são muito diferentes. Então uma cartilha geral na nossa visão ela seria muito pouco útil para a mulher que está vivendo uma situação prática e que ela tem pouco espaço para poder pedir orientação, então alguém tem que efetivamente ajudá-la a saber as opções existentes e a tomar uma decisão por um caminho, e saber com o máximo de certeza possível quais são as etapas para esse caminho, quanto tempo leva, quais são as consequências e quem pode ajudá-la nesse momento. Então na nossa visão, Janaína, como muitas vezes ela vai ser funcionário de uma empresa muito mais importante do que do que ajudar a fazer uma recolocação profissional é ela manter as condições de empregabilidade que ela tem, porque a violência doméstica muitas vezes leva à faltas, faltas muitas vezes não justificadas porque ela não quer expor sua intimidade na empresa, então ela não foi trabalhar que ela tava agredida, ela estava hospitalizada, mas ela também não comunica a empresa dessa situação o que gera no final das contas um risco maior sobre a empregabilidade dela. Então o que a gente quer fazer é justamente, como é que essa mulher toma as melhores decisões, da maneira mais rápida possível para que ela consiga estancar essa ação de violência e manter a sua questão de empregabilidade bem resolvida.

Então não perder o que ela já tem em termos financeiros é a primeira coisa mais importante e se depois essa mulher quiser se recolocar ótimo, existem já movimentos como o grupo das mulheres que é capitaneado pela Luiza Trajano que já tem algumas iniciativas como essa, que a gente entende que são iniciativas muito legais e que são complementares ao escopo que a gente quer desenvolver, mas a gente entende que ajudar a mulher nesse momento a sair dessa situação de violência para uma situação de segurança é onde a gente consegue ajudar de maneira bastante prática e descendo no plano de como é que eu faço o quê e quando. Porque senão fica uma coisa muito genérica e ela não se sente segura para sair da teoria para a prática.

 

Ro: É eu acho que o que a Jana falou até se aplicaria mais ao caso do B2C que é um passo à frente que vocês estão pensando, né?

 

Fabiano: Exatamente.

 

Ro: Mas eu queria aproveitar para perguntar, já que você falou isso dela perder o trabalho pela falta… a empresa fica sabendo que ela acionou a rede? Como que funciona essa parte?

 

Fabiano: Não, esse é um canal que é exclusivo e dedicado só a essa mulher. Então mesmo quando ele é contratado através de uma empresa ela tem esse número diretamente com ela. Então a gente não vai fazer nenhuma devolutiva para o RH de quantas mulheres usaram de que foi a Letícia, a Maria ou a Ana que usou. Isso é uma coisa que a empresa quando nos contrata ela precisa ter a certeza de que nós não daremos essa devolutiva para ela, porque isso é uma maneira de incentivar as mulheres a buscarem seja orientação, seja ajuda efetiva, sabendo que a informação não vai ser repassada para o RH ou para qualquer outra área.

Em contrapartida e pensando que as empresas também precisam de uma contraprestação pelo investimento que elas fazem, o que a gente vai produzir é periodicamente é um relatório de impacto social do serviço Assistência Maria. Para que as empresas consigam perceber a relevância do de investir nessa causa, embora não vai saber quantas funcionários diretamente ela está ajudando mas assim, a gente gostaria que ela tivesse uma devolução da percepção da cauda longa que esse investimento produz na sociedade. 

 

Jana: Tudo isso que você falou eu acho que é uma baita oportunidade e em termos do que vocês querem fazer em passar isso pro B2C, vocês imaginam que isso possa ser um serviço gratuito que possa ser vendido para o governo por exemplo subsidiar para que as mulheres consigam que acesso a isso?

Porque eu imagino que a maior parte, imagino não, a gente tem dados de que a maior parte das mulheres que sofrem violência doméstica elas estão numa situação de condição financeira bem ruim, então acredito que não teriam condições de pagar um serviço como esse.

 

Fabiano: É, uma coisa que a gente tem trabalhado bastante é que assim, quanto maior esse serviço for, mais barato ele se torna para a gente em termos de custo.

Então a gente tem trabalhado muito buscar que grandes empresas adotem a Assistência Maria, porque o que a gente quer – e eu vou te dar um exemplo, a Magazine Luiza tem um projeto interno maravilhoso para suas funcionárias, mas que obviamente por ser restrito a uma única empresa ele ele é bastante custoso e o que a gente quer num primeiro momento é que empresas de todos os portes consigam contratar a assistência Mania.

Vou te dar um dado, o valor de compra hoje do Assistência Maria é como benefício corporativo é de R$3,90 por mulher, que é um valor muito baixo e muito mais barato do que até outros benefícios que não tem essa relevância. A gente ainda gostaria que ele fosse mais barato ainda para que todas as empresas pudessem contratar isso, independentemente de ter uma empresa com 5 funcionárias se ele já tiver a possibilidade de fazer isso investimento R$ 30,00 por mês ele poder ter essa contratação.

Mas a gente entende que isso isso é a evolução do serviço, e a gente não pensa num curto espaço de tempo em receber contratações governamentais. E aí vou te dizer porque, não é nada ideológico muito pelo contrário se o governo fosse nessa linha acho que seria extremamente positivo, só que nos últimos anos o investimento de praticamente todas as esferas do governo em políticas voltadas para as mulheres, esse orçamento só vem sendo diminuído ano após ano, então a gente não acredita numa reversão num curto espaço de tempo em que o governo vai passar a contratar um serviço que potencialmente é melhor do que ele entrega, porque os orçamentos têm sido diminuídos e esse orçamento hoje, ele já atende a uma camada da população que não poderia pagar nenhum serviço, então ele precisaria ser gratuito. O que a gente quer, e aí fazendo um paralelo com serviços médicos, hoje você tem os planos de saúde super mega caros que tem UTI móvel aéreo e tal, e você tem produtos posicionados em todas as camadas sociais e até com descontos em consultas médicas. E o que a gente gostaria era justamente poder fazer isso. Entre aquelas mulheres que têm um super potencial aquisitivo que podem contratar uma psicóloga, uma advogada, ou um corpo de advogados para defender ela que é uma realidade, e aquelas mulheres que só podem acessar um serviço público a gente sabe que existe uma esmagadora maioria de mulheres que são economicamente ativas e poderiam receber um serviço de qualidade e quanto mais e serviço foram largamente distribuído, ele se viabiliza para ser cada vez mais barato e o nosso objetivo nesse ponto é efetivamente ter um produto de impacto social muito relevante por isso quanto mais barato ele puder ser, desde que economicamente viável ele será. Esse é o nosso o nosso compromisso para que a gente consiga chegar em todos os estados e municípios brasileiros com esse com esse atendimento até porque – e aí são dados só para complementar e que é bastante cruel, os melhores serviços de violência doméstica no Brasil estão baseados nos municípios onde tem a menor incidência de violência, então onde efetivamente precisa chegar, onde não existe delegacia da mulher que é menos de 8% dos municípios brasileiros, onde não existe centro de referência da mulher, menos de 10% dos municípios brasileiros. Então existe um Brasil muito grande para a gente atender, que não é atendido hoje a contento pelo poder público e provavelmente não será num curto espaço de tempo. Então a iniciativa privada precisa efetivamente se mobilizar para poder criar caminhos alternativos que levam a solução melhor.

 

Jana: Muito interessante saber tudo isso e eu já pesquisei bastante e estou vendo vários dados novos, isso é muito importante para mim. E eu queria saber como que vocês mensuram os resultados e os impactos da Assistência Maria de maneira geral. O programa já está rodando?

 

Fabiano: A gente tá buscando as primeiras empresas, que sejam as early adopters, a gente está em negociação um pouco avançada com algumas empresas aqui de São Paulo, com quem a gente já tem um relacionamento comercial, então a gente está propondo que elas sejam as primeiras a adotar o serviço nesse formato B2B2C e obviamente fica o convite para todas as empresas que acompanham o site de vocês para que a gente possa também também convidá-las para serem early adopters, o custo efetivamente é muito baixo, e é propositalmente muito baixo mas é porque a gente tem um trabalho enorme para poder fazer, para atender pessoas do Brasil inteiro, então fica  um convite para todas as empresas que hoje criam uma pauta de sustentabilidade e que é muito interessante, a sustentabilidade entrou pelas empresas pela via ambiental, depois pela via de governança, e agora começam pelos aspectos mais sociais. Então têm presas falando políticas de equidade de gênero, equidade salarial, estratégias para poder ser menos discriminatórios no recrutamento e seleção, tudo isso é muito legal, é tudo isso é muito legal isso vem nessa pauta S, da agenda ASG de ambiental, social e de governança –  vem nessa agenda S que é muito bom. E aí fica o convite para que mais empresas venham compartilhar com a gente esse investimento nessa via tão necessária. A gente vê que desde 1979, quando as estatísticas oficiais começaram a registrar casos de violência contra mulher, o cenário só é pior, ano após ano só mais mulheres são agredidas, mas mulheres são assassinadas, mais casos são denunciados mesmo ainda existindo tanta subnotificação.

Então se não for a iniciativa privada assumindo seu papel de ente econômico, fazendo investimento ainda que pequeno nesse S, nesse social, especialmente aqui para atender as mulheres – a gente não consegue imaginar um ambiente melhor num curto espaço de tempo. Então assim, esse é um convite para que a empresas abram essa possibilidade de preencher e implantar esse serviço nesse momento de early adopter e vai ser muito legal poder reconhecer essas empresas publicamente como apoiadoras desse movimento que tá nascendo e aí já fica nosso agradecimento ao Banco Carrefour que foi a primeira grande empresa que abraçou essa causa e a gente gostaria que outras empresas também nos dessem essa possibilidade de poder construir essa história tão legal de ajudar essa virada de página de um Brasil que antes era muito conivente com a violência e a violência contra mulher e agora espero que não seja mais.

 

Ro: Para finalizar eu queria perguntar justamente sobre isso, sua percepção no mercado em relação a esse movimento das empresas, se é um movimento geral, se todas as empresas estão indo para esse lado não só de diversidade mas também de valorizar o humano do recursos humanos, enfim, você acha que isso é um movimento que vem para mudar realmente o mercado? Como que você tem percebido isso?

 né em relação a esse movimento das empresas se é um movimento geral se todas as

 

Fabiano: Olha o que eu posso te falar Roberta, eu tenho contato com muita gente de áreas de sustentabilidade, fora que as grandes empresas já têm áreas dedicadas a sustentabilidade, outras têm adotado uma estratégia de eleger pontos focais em várias áreas, passando por marketing, RH, produtos, comercial… que tratam de questões de sensibilidade e aí quando eu falo de sustentabilidade a diversidade, equidade fazem parte desse rol, efetivamente essa é uma pauta muito atual nas empresas. 

O quanto que elas investem nisso e o quanto que ela já tão agressivas nisso ainda existe um longo caminho pela frente. Ele tem muita coisa a ser feita e ser conquistada mas assim, vamos ser otimistas. Isso já está acontecendo tem ótimos exemplos acontecendo nas empresas, tem cases sendo relatados e sendo reconhecidos, as empresas percebendo a devolutiva financeira desse investimento seja por reconhecimento de marca, fidelização de clientela. Então é muito bom que isso aconteça, para animar outras empresas que talvez mais conservadoras ou com menor potencial financeiro despertarem para essa necessidade, para essa oportunidade de cuidarem dessa questão de sustentabilidade e especialmente em aspectos sociais, seja através de ações internas com seus funcionários, seja com seus clientes, mas que coloquem isso na pauta de governança de uma vez por todas.

Porque o cliente final uma hora vai exigir isso e as empresas que tiverem mais à frente que vão ter uma vantagem inegável.

 

Jana: Bom Fabiano, muito obrigada novamente, esperamos que cada vez mais empresas tenham essa preocupação com as pessoas e que essa mudança de cultura se espalhe e entre nas empresas de verdade. Você quer deixar as redes sociais ou algum contato para o pessoal conseguir chegar até vocês e realizar essas parcerias.

 

Fabiano: Tem tanto através do nosso site que é www.beneficiolegal.com.br ou através do nosso Instagram ou Facebook que também são “Beneficio Legal”,  a gente é super responsivo nesses canais como um todo, e aí a pergunta que as pessoas fazem “Nossa, mas vocês conseguem atender atender no Brasil inteiro?” Sim, no Brasil inteiro. A violência doméstica está no Brasil inteiro então a gente não poderia pensar uma solução que fosse local para um problema que é nacional.

 

Ro: Fabiano, muito, muito obrigada de verdade! Foi bem legal conhecer a iniciativa de vocês e foi o primeiro homem que a gente entrevista no nosso podcast!

 

Fabiano: Que honra! E você sabe que, eu vou dividir com vocês, se vocês me permitirem depois, tem um um educador, escritor e cineasta americano chamado Jackson Katz e esse cara se especializou em tratar justamente do tema de violência e de questões de gênero, primeiro instituições militares americanas. Então você imagina o que é palestrar sobre questões de violência de gênero para instituições militares americanas, e depois para muitas instituições esportivas lá e justamente porque geralmente a discussão da violência doméstica é sempre assim, a mulher como o papel de vítima e o homem como agressor, fora de um contexto. Mas isso tem um contexto social, as pessoas que participam de alguma maneira como espectadoras, como coniventes, elas fazem parte dessa narrativa e esse cara faz um recorte muito legal que ele sendo homem muitas vezes ele consegue uma reverberação muito maior do tema, justamente porque ele não é mulher, então ele não está entre aspas litigando em causa própria. Mas ele tá chamando atenção para um tema que todo mundo, seja homem ou mulher, deveria ter a sensibilidade de perceber a relevância dele, né? E aí ele fala que a grande questão são as lideranças assumirem o seu papel no enfrentamento dessas questões, se a liderança – seja homem ou mulher –  assume esse discurso numa organização, e pode ser na Marinha, no Exército, num time de futebol americano, não interessa – naturalmente os seus liderados vão ter muito mais abertura para poder tratar dessa questão e rever os seus próprios conceitos porque é o líder falando. 

Então assim, se a gente esquecer por um minuto de quem é que está falando se é homem ou se é mulher, mas se os líderes tomarem essa pauta para si, efetivamente audiência disso vai crescer muito. Então esse é um caminho que eu acredito muito eu me inspiro muito no que esse cara tá tentando.

 

Jana: Eu como pessoa mesmo, eu não acredito que o feminismo deve ser trabalhado só entre mulheres, eu acho que a gente precisa sim do trabalho em conjunto. Até porque você tem os seus amigos num ambiente totalmente masculino. A gente precisa da sua voz dentro desse ambiente para isso se espalhar, se não a gente vai continuar só brigando e gritando e falando alto e de fato a mudança não vai acontecer. Então a sociedade como um todo precisa assumir esse papel. Então é muito importante que você tenha assumido esse papel e esteja aqui conversando com a gente. Muito obrigada.

 

Fabiano: E vou te falar também pessoalmente, eu sou pai de dois meninos, um tem 5 e outro tem 3. Então assim, o que os meninos estão criando de perspectiva para a vida é muito fruto do que eles veem em casa. Eu sou casado, minha mulher é maravilhosa e para mim é muito ilogico eles terem hoje – a mãe deles é nota 1000 e o pai é nota 10 – eu quero que eles levem esse conceito né, sua mãe é uma mulher maravilhosa, porque que as outras mulheres não deveriam receber a tua admiração o teu respeito, então não tem porque ter essa quebra. Pelo contrário, a gente quer que o que a gente consegue viver em família possa efetivamente ser um paradigma que eles vão levar para a escola, para o clube, para o futebol, para qualquer lugar. Então eu acho que o discurso feminista ele é muito importante e ele precisa conseguir ecoar fora das comunidades de mulheres, ele precisa ganhar um discurso nacional e muito além do gênero, porque efetivamente tanto quanto o feminismo precisa ganhar a voz as masculinidades precisam ser repensadas né? O que é o homem?  O que é ser um bom homem? Assim, os homens precisam repensar isso. Repensar para si, repensar para os seus filhos, repensar o seu papel na sua empresa. Ninguém tá numa bolha, cada um de nós desempenham tantos papéis ao mesmo tempo que se a gente não tiver abertura para repensar isso como empresário,  como trabalhador, como contribuinte, como eleitor… A gente é uma coisa só, são só os papéis que a gente vai em cada momento desempenhando diferente, mas o que você é, é o que você é. Não muda né?

 

Ro: Sim. Bom, mais uma vez muito obrigada.

 

Jana: Muito obrigada mesmo pela sua disponibilidade, foi muito bom o papo.

 

Ro: Sigam a Ô Dona nas redes sociais e transcrição do podcast no nosso site! É isso!

 

Fabiano: Maravilha!

 

Jana: Tchau, tchau!

 

Fabiano: Tchau, até logo!

 

Ro: Tchau!




 

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queer

Dona Jana é executiva de software com mais de 10 anos de experiência em empresas de tecnologia de estágio inicial a intermediário, incluindo gerenciamento geral, liderança em go-to-market e operações internacionais. Atualmente trabalha como presidente da empresa Odona, uma empresa focada em trazer diversidade para o mercado de trabalho brasileiro. Tem paixão por promover uma cultura inspiradora impulsionada por uma mentalidade de pessoas em primeiro lugar, com o objetivo final de fornecer uma experiência de classe mundial para funcionários e clientes. Estou dedicada a investir no crescimento de outras pessoas, operando com integridade e aproveitando a jornada!

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