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#007 Selo de Direitos Humanos e Diversidade de São Paulo

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Selo de Direitos Humanos e Diversidade de São Paulo

DonaCast #007 – 25 de agosto, 2020

Neste episódio Janaina Guiotti e Roberta Fabruzzi recebem a Patrícia Dichtchekenian, coordenadora de Promoção e Defesa de Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo – para falar sobre o Selo Municipal de Direitos Humanos de Diversidade da Cidade de São Paulo. 

Inscrições para o programa se encerram no dia 31 de agosto.

Mais informações sobre o Selo em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/selo_direitos_humanos 

https://www.linkedin.com/company/selo-municipal-de-direitos-humanos-e-diversidade/

Transcrição:

Ro: Começando mais um episódio do DonaCast. Eu sou a Roberta Fabruzzi.

Jana: E eu a Janaina Guiotti.

Ro: E hoje a gente vai falar sobre uma iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, que é o Selo de Direitos Humanos e Diversidade.

E para falar sobre o assunto a gente está recebendo a Patrícia Dichtchekenian, que é  coordenadora de Promoção e Defesa de Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo.

Jana: Primeiro de tudo muito obrigada por aceitar participar do nosso podcast, muito bem-vinda. E eu queria saber como surgiu o Selo de Direitos Humanos e Diversidade.

Patrícia: Bom, o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, ele foi criado por um decreto municipal nº 58180 em abril de 2018, e ele tá previsto de forma normativa no arcabouço normativo da cidade de São Paulo e ele veio a partir de uma demanda que já é antiga em relação a um esforço maior entre a relação do poder público junto com empresas e entidades do terceiro setor e organizações – órgãos públicos – para promoção justamente de direitos humanos e diversidade dentro do mercado de trabalho. A gente entende que a questão da Igualdade não é algo natural, por assim dizer, então é sempre importante a gente tem um esforço, né, conjurar esses esforços enquanto poder público, justamente para incentivar que todos os outros tipos de organização que trabalham lado a lado com o poder público também promovam iniciativas de promoção de direitos humanos inclusão.

Inclusive nos últimos anos a gente tem em nível federal uma série de evoluções no que diz respeito ao sistema de cotas, tanto as cotas raciais quanto cotas de PCD – de pessoas com deficiência – então a gente tem uma evolução muito grande e até uma obrigação enquanto poder público, promover uma porcentagem das nossas contratações para pessoas desses grupos que são considerados sempre minoritários e sub-representados no mercado de trabalho.

Então nesse sentido em 2018 Selo foi concebido com o propósito justamente de reconhecer boas práticas de inclusão, gestão de diversidade e promoção de direitos humanos em empresas, órgãos públicos e organizações do terceiro setor.

A gente nasceu justamente com essa proposta de dar esse entre aspas empurrãozinho e mostrar por meio de uma certificação o incentivo e apoio do poder público para com essas iniciativas por parte de outros setores da sociedade.

Ro: Legal! E que iniciativas, você tem alguns exemplos de empresas que já foram contempladas pelo selo para a gente ter uma noção mais ou menos…

Patrícia: Claro, eu posso descrever até um pouquinho mais como que o Selo se desenvolve, eu acho que vale a pena também explicar. Bom, o Selo é dividido sobretudo em 11 eixos temáticos por assim dizer. Em termos de conteúdo e em termos materiais, a gente tem 11 categorias pensando num recorte temático dos Direitos Humanos. Então a gente tem iniciativas de criança e adolescente, egressos do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade, a gente tem igualdade racial o que implica tanto minorias étnico-raciais como negros, povos indígenas, povos ciganos – que temos sim no município de São Paulo, imigrantes refugiados, juventude, LGBTQI+, tudo que abrange a igualdade e gênero, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua e pessoas idosas. E aí nesse ano, na terceira edição agora em 2020, a gente criou uma décima primeira categoria que não existia antes que é justamente a Transversalidades e trata-se de boas práticas que abordam diferentes temas e possuem mais de um público alvo. Entendendo justamente que a transversalidade é inerente e nem inexorável dentro das políticas públicas de direitos humanos, é a interseccionalidade a gente tanto fala atualmente. Então a gente pode premiar também iniciativas que tem como foco – o que acontece muito com mulheres imigrantes, pessoas em situação de rua LGBT – isso acontece muito com a população trans sobretudo no município de São Paulo, jovens negros, pessoas privadas de liberdade com alguma deficiência. Então a gente criou esse recorte específico para os iniciativas que tenham esse perfil, embora muitas das outras iniciativas já eram assim, mas a gente  decidiu justamente criar para reconhecer a importância da interseccionalidade dentro dos Direitos Humanos.

Bom esse é o recorde mais material por assim dizer, em termos formais, para que uma entidade, um órgão público ou uma empresa se inscrevam dentro do Selo, eles têm que além de escolher uma dessas categorias matemática materiais, eles tem que escolher alguma iniciativa também de alguma das três dimensões do Selo que a gente chama.

A primeira em inclusão e gestão de diversidade, ou seja, é mais um RH inclusivo, ou seja, práticas de contratação e gestão de pessoas alinhadas a diversidade e a proteção dos Direitos Humanos.

Então se por exemplo essa essa entidade, essa organização tem um RH, um Recursos Humanos inclusivo e não só apenas uma área do RH preocupada com isso, mas também uma área de RH que, por exemplo, que não seja só uma questão de um setor específico dessas entidades mas também que a inclusão e a diversidade seja uma questão estratégica, um tronco estratégico dentro da evolução da própria empresa, da própria entidade. Então a gente também leva em consideração essa particularidade.

A a gente tem também como segunda dimensão do Selo, imagem posicionamento de marca, ou seja, iniciativas voltadas à comunicação, marketing e desenvolvimento de produtos e serviços. Então a gente tem por exemplo, já antecipando um exemplo, mas por exemplo a Uber neste ano, nos últimos anos tem feito muitas campanhas contra assédio contra mulheres durante o carnaval. As próprias marcas de cerveja também tem ações nesse sentido.A Uber no caso foi premiada, as marcas de cerveja é só um exemplo que a gente vê que agora tem uma sensibilidade maior com esses temas. Ou mesmo outras empresas também, startups que falam sobre “racismo não” no carnaval em outros grandes eventos culturais da cidade de São Paulo, em outros momentos também, mas enfim… esse tipo de imagem e posicionamento de marca, de marketing de produtos com promoção de direitos humanos.

E por fim a terceira dimensão do Selo diz respeito à responsabilidade social, isto é, projetos externos à organização voltados à comunidade e a sociedade. Isso pode ser, por exemplo, campanhas de voluntariado, doações feitas para órgãos públicos, órgãos internacionais, tanto pode ser a prefeitura, pode ser o Governo do Estado, enfim, ou mesmo iniciativas em conjunto com a Cruz Vermelha, com a ONU, exemplos dessa natureza, e outras ações que sejam iniciativas que sejam, por exemplo, positivas para a sociedade como um todo. Iniciativas para incentivar de repente microempreendedores do bairro, que agora é uma coisa que tá um pouco em voga, são exemplos de iniciativas interessantes também que a gente pode premiar dentro da dimensão de responsabilidade social.

Agora que eu já expliquei mais ou menos a matéria e a forma de como a gente pensa e a gente analisa, a nossa comissão de seleção, esses quesitos, de exemplos, por exemplo, de organizações reconhecidas na segunda edição do Selo, eu posso pontuar de novo, o exemplo que eu tenho na cabeça aqui é da Uber Pride. A Uber tinha feito em relação,  dentro da primeira dimensão dentro de RH inclusivo e dentro da categoria de LGBTQI+, uma iniciativa dentro da empresa de garantir que pessoas de diferentes origens, orientações e identidade de gênero se sintam à vontade, bem-vindas, encorajando justamente que elas se sintam seguras, apoiadas e orgulhosas. Então isso é uma iniciativa que a gente achou bem legal, a gente acha que pode ser replicada, a replicabilidade é um ponto extra, é uma coisa que a gente considera bastante, a capacidade de ser replicada, a gente leva bastante em consideração.

Um outro exemplo também interessante é do Carrefour, eles têm também o Meta Negros na Liderança, então como uma das ações afirmativas para aumentar o número de negros em posições de hierarquia mais elevada dentro da empresa, o Carrefour criou essa meta de líderes o impactos em bônus que seja para contratação, seja promoção de colaboradores negros e de outras minorias étnicas na empresa, a gente achou também isso bem  interessante. Um outro exemplo também que aí não é de empresa, quer dizer é de empresa tem CNPJ, mas é uma iniciativa que eu vejo um pouquinho mais híbrida, é a Aliança Jurídica pela Igualdade Racial que envolve uma série de grandes escritórios jurídicos em São Paulo bem renomados como Pinheiro Neto, Mattos Filho, Machado Meyer, Demarest que criaram essa aliança jurídica pela equidade racial justamente para promover a inclusão e a retenção de profissionais negros e negras no mercado jurídico, especificamente nesses escritórios de advocacia. A gente tem também outros casos de empresas de mulheres que venceram também, é o caso do Instituto Center Norte, e TTC que é uma instituição que trabalha sobretudo com mulheres encarceradas, privadas de liberdade e os direitos humanos delas, o Sodexo também que é empresa grande e que tem também iniciativas de privilegiar nestes três casos o ingresso de mulheres também, a inserção laboral de mulheres em diferentes ramos e em diferentes hierarquias dentro dessas instituições.

Então eu diria que a gente tem esses entre outros vários exemplos, e outro detalhe também que eu gostaria só de apresentar em relação ao Selo, é que a atuação do Selo é importante também sublinhar, que ela se desenvolve em duas principais frentes: primeiro tem a questão da abertura do edital, a seleção e a premiação das iniciativas. A a gente está exatamente nessa primeira etapa,  o edital está aberto desde o dia 2 de julho e ficará aberto até o dia 31 de agosto, a gente entendeu um pouco o prazo até o final deste mês. E a partir de setembro a gente deve fazer o processo de seleção, vai sair no Diário Oficial do Município a nossa comissão de seleção, e a gente seleciona justamente especialistas das 10 horas categorias temáticas, então os nossos coordenadores da Prefeitura, por exemplo, a secretaria executiva de mulheres do município de São Paulo vai julgar as iniciativas de categoria de mulheres, a gente também chama a ONU Mulheres também, a gente tem também sempre convidados externos, então a ONU Mulheres já tinha passado no ano anterior e vai participar deste ano também, são parceiros nossos, Unicef para crianças e adolescentes, então a gente tem também várias parcerias com a ONU, e com outras organizações a gente tem parceria também com o instituto Ethos, FGV também, então a gente tem esse momento que é a etapa número, a atuação número um que é a seleção e a  certificação propriamente dita. A premiação, a certificação, essa cerimônia. Nos últimos anos a gente fez cerimônias um pouco mais sofisticadas, a ideia é também justamente chamar públicos distintos para os espaços públicos que muitos às vezes não conhecem, ou não têm acesso, ou não frequentam. Por exemplo, no ano passado a nossa cerimônia de premiação foi no Teatro Municipal no centro da cidade, então foi muito legal e a gente, nós como poder público também tenta ofertar esses espaços que agente administra para esse tipo de ação, e  esse ano também não seria diferente. A gente tava pensando justamente em uma ação bem legal no teatro municipal, com a presença eventualmente de chefias e lideranças do setor público, mas infelizmente por conta da situação de emergência e da pandemia a gente provavelmente fará algum tipo de cerimônia online mesmo.

E além do troféu e do certificado de reconhecimento a gente também distribui geralmente uma ecobag com algumas lembrancinhas, esse ano a gente está pensando em álcool em gel…

Ro: Máscara…

Patrícia: Máscara, então assim, a gente está pensando em alguns presentinhos também.

Mas isso é para a etapa número 1 da abertura do edital e premiação. A etapa número dois, está até escrito no nosso edital, é que a empresa, entidade, organização que se inscreve no Selo, ela se compromete a fazer parte do que a gente chama de Rede do Selo, que é uma rede de networking, uma rede de contatos, entre todos os parceiros e parceiras que ganharam, que foram contemplados com o Selo daquele ano para uma série de encontros, e para participar de um mailing comum, de um grupo do LinkedIn… e todos eles terem acesso ao telefones e e-mails dos pontos focais dessas respectivas entidades, justamente para o pessoal se conheça, entenda e aprenda. Um dos principais discursos que a gente ouve muito do pessoal que tá que tem dúvida da inscrição e que quer conhecer mais, é que eles têm dúvidas e eles se sentem um pouco impostores, falam “nossa, mas só faz um ano”, “a gente está começando”,  “faz pouco tempo, a gente ainda não tem experiência”,  “será que é justo, será que é injusto, será que tá certo?” e a gente fala, gente é justamente, esse Selo é justamente para incentivar vocês a continuarem, até porque é algo muito novo nessa etapa do capitalismo, por assim dizer, a gente ter esse tipo de iniciativa e a gente ter essa preocupação também acho que é uma coisa da geração Y, Z, é uma coisa mais recente também de ter esse cuidado enquanto cliente e enquanto consumidor, Eu acho que existe uma mudança comportamental dessa geração e que eu acho que é inexorável,e espero mas aparentemente não haverá muitos reveses, passos para trás, mas assim de que hoje em dia o racismo, o feminicídio não é mais tolerado. Tolerado no sentido de pelo menos omisso. As pessoas tomam partido hoje em dia e os consumidores, os clientes, ou  os próprios participantes de entidades, e quem participa desses círculos, eles não se compactuam mais com isso. Então a gente acha que tanto o Selo de Direitos Humanos, quanto o Selo de Sustentabilidade, por exemplo, a gente vê isso como um movimento inexorável e um movimento recente, é um movimento que está começando agora e muitas empresas, muitas entidades, muitas ONGs… ONGS até muitas vezes já estão à frente das empresas nesse sentido, e as empresas do terceiro setor né. Eles já perceberam que não tem mais volta, tanto empresas com fins lucrativos quanto fins lucrativos, já está virando meio que uma norma, um fato por si.

Jana: Ainda bem!

 

Patrícia: É, ainda bem. A gente acha muito importante justamente que é esse pessoal que tá começando agora a gente estimula, se inscreva, não há nenhuma hipocrisia, se você já tem uma iniciativa, se está de acordo com os nossos critérios e se atinge a pontuação, legal! Vocês ganharem a primeira iniciativa é um primeiro passo para vocês continuarem e criarem uma pressão não externa mas endógena. Mas interna no sentido de continuar fortalecendo essas boas práticas de contratação, de inclusão e também de retenção desses  públicos variáveis e dessas iniciativas pró-direitos humanos e diversidade. Então a gente fala sempre isso para as pessoas, não tem problema, tá todo mundo começando e é novo para muita gente, e botar essas pessoas na mesma roda para conversar, para se conhecer,  para trocar boas práticas e experiências do que deu certo, o que deu errado, como melhorar, o que eles fazem, apresentar os cases “olha minha empresa fez isso e deu certo”, “olha, a minha organização fez isso e deu errado”. Isso é muito legal para gente, a gente quer também como poder público dar esse espaço.

 

Esse ano a gente tinha previsto quatro encontros da Rede do Selo, no início do ano a gente reuniu o pessoal da equipe do Selo e a gente pensou em quatro encontros bimestrais, até porque se a gente fizer toda semana ou todo mês, eventualmente as pessoas não conseguem organizar agenda… a cada dois meses acho que as pessoas conseguem se comprometer sem prejuízo para o trabalho e de alguma forma mantendo também ativa a  rede. Mas aí a gente já tinha organizado tudo bonitinho o primeiro encontro, iria ser no final de março, na última semana de março. Iria ser no final de março, depois início de junho, aí agosto, setembro e depois novembro. A gente já tinha reservado o Memorial da América Latina, um salão bem legal no memorial com espaço justamente para que a as instituições e organizações premiadas fizessem, que a gente desse voz para eles e eles pudessem assim apresentar, ter esse momento e esse lugar de fala. Infelizmente por conta da pandemia a gente teve que cancelar e adaptar isso para encontros online, a gente colocou encontros online, eles têm acontecido, já tivemos 3 encontros, tivemos que dar uma paralisada em razão da legislação eleitoral, a gente deve voltar em breve e todas as organizações que foram certificadas ficaram muito contentes em poder participar, de poder falar, às vezes eles mandam e-mail “puxa eu vi que vocês fizeram encontro de igualdade racial, puxa minha empresa foi premiada em imigrantes, quando que vocês vão fazer ações de imigrantes?” A gente fala, não calma…vai ter!

Ro: Ah, que legal!

Patrícia: Agora com as lives a gente tem conseguido se adaptar. Mas então os Selo tem essa característica de acontecer e não é uma mera certificação e acaba por ali.

E uma questão importante é que a certificação vale por um ano, justamente porque a gente não tá contemplando a empresa, ou a organização a entidade, enfim, a gente está premiando a iniciativa. Essa iniciativa é legal, deu certo e a gente premia. É claro, a certificação vai ficar com o nome do CNPJ, mas a ideia é que tenha a validade de um ano, é o Selo 2020, por isso que uma organização que já ganhou no ano anterior, ela pode se candidatar no ano seguinte, porque a iniciativa dela tem a duração. Então é importante reiterar isso, e também que a gente está premiando a iniciativa. Até porque se eventualmente depois a empresa tiver algum problema a gente sabe que era por aquela iniciativa e que tinha uma certa durabilidade e que deu certo, enfim, a gente também esse cuidado de pontuar que o Selo tem uma duração e por isso que ele é anual também.

E por isso que CNPJs podem se inscrever todos os anos.

Ro: E funciona tipo um concurso? Tem um número de empresas que é contemplado com o Selo ou por categoria…

Patrícia: Então, a gente não faz assim, “em primeiro lugar esse ano ficou a empresa tal”, justamente por entender que a gente não pode, a gente não pode dizer que por exemplo, o sofrimento de uma mulher vítima de violência é maior que o de um homem indígena, a gente evita fazer esse tipo de juízo de valor. Até porque cria aquela velha discussão das Olimpíadas.

Todo mundo ali tem uma luta, esses grupos têm a sua luta e nós não estamos nesse papel, nós estamos no papel de como poder público atendê-los e trazer essa devolutiva, mas enquanto certificação a gente não quer dizer qual iniciativa ou qual projeto é mais ou menos importante no sentido de promoção de direitos humanos.

A gente gosta de evitar esse tipo de análise e juízo de valor que muitas vezes pode implicar em conclusões e análises um pouco mais equivocadas.

Então na verdade a gente tem critérios, algumas condições e a gente criou uma pontuação em relação à relevância, em relação à replicabilidade, em relação se também tem os requisitos fundamentais, por exemplo, essa ação tem que ter pelo menos seis meses de implantação até para a gente poder ter também um resultado, para a gente já conseguir mensurar um pouco se o resultado deu certo ou deu errado, então a gente tem alguns requisitos e a gente vai dando check e vai analisando, algumas questões são obrigatórias, outros são pontuação extra e esses inscritos e inscritas têm uma pontuação mínima que eles podem preencher, mas a gente não parte desse pressuposto que a gente vai fazer um ranking e nem considerar por exemplo que mulheres é melhor do que igualdade racial, isso a gente nem leva em consideração, a gente faz a premiação mesmo se a organização atinge um mínimo de pontos que a gente considera, e acaba que de fato muitas empresas não atingem ou têm problemas de CNPJ, ou a cede no final não está baseada no município de São Paulo, como é um selo Municipal de prefeitura de São Paulo, diz respeito a ações inscritas no município de São Paulo. Pensando nesse retorno para os nossos munícipes,  para os mais de 20 milhões de munícipes do município de São Paulo.

Então a gente tem esse recorte. Por exemplo, na primeira edição, só a título de curiosidade,  a gente teve 147 inscrições e 65 iniciativas reconhecidas, e na segunda edição a gente teve 100 inscrições e 55 iniciativas reconhecidas, na terceira a gente já ultrapassou as duas, então a gente está super feliz.

Ro: Ah, que beleza!

Patrícia: E a ideia é na verdade assim, a gente pode premiar tanto um número que depende…todo mundo pode ser premiado, ou enfim, vai depender muito da qualidade e se está de acordo com os critérios apresentados no edital.

Por mim, um ponto também interessante em relação ao Selo, é que nesse ano também além da criação da categoria de transversalidades, a gente também criou uma pontuação extra que a gente vai usar na nossa análise do Selo, que diz respeito à questão da pandemia. Então iniciativas que tiverem algum tipo de ação voltada para mitigação de efeitos econômicos, sociais e sanitários decorrentes da pandemia de Covid-19 vão ganhar, acho que são quatro pontos extras, se não me falha a memória. Então se isso estiver vinculado às iniciativas com atual situação da pandemia a gente também leva em consideração, justamente para se atualizar.

Muitas vezes também todas as organizações estão fazendo algum tipo de ajuste, iniciativa, projeto nessa atual situação que a gente sabe que tem efeitos muito deletérios sobretudo no que tange às questões sociais e que afeta invariavelmente com mais ênfase grupos minoritários socialmente sub-representados, então a gente leva isso em consideração também na nossa análise.

Jana: Eu acha muito incrível tudo isso, a gente sabe que dentro do mercado de TI que é o mercado em que eu atuo, as mulheres são minoria, mas as pessoas trans praticamente não existem. Eu tenho um sonho antigo de ensinar programação para pessoas trans.

Patrícia: Legal, olha dentro do Selo a gente… como a gente começou com a categoria  transversal agora, a gente tem muito sobretudo de mulheres vítimas de violência e também a gente tem muito de mulheres trans também, mulheres e homens trans. Mas esse corte muito específico de mulheres trans ou homens trans no mercado de TI a gente não tem, a gente não premiou ainda nenhuma iniciativa com esse recorte específico. Até a título de  curiosidade, eu tenho aqui do balanço do Selo das primeiras edições a gente premiou iniciativas reconhecidas com 11 de LGBTI e 8 de mulheres, em 2019 a gente premiou 10 de LGBTI e 9 de mulheres, mais equilibrado entre as iniciativas que a gente reconhece,  por exemplo, 2019 a gente reconheceu 55 e 10 são de LGBTI. Então é interessante, eu acho que é bem legal ver que tem um peso legal, porque na época eram 10 categorias e LGBTI teve 10 e mulheres 9, ou seja, a gente tem muita iniciativa nesta nessa área mesmo. E eu acho super importante mesmo porque existe bastante preconceito, não apenas para pessoas LGBTQI mas também para mulheres geral, eu imagino.

Ro: É, mulheres cis e trans nesse mercado…

Jana: Somos minoria. Mas é um mercado muito, muito bom, porque tem muitas vagas abertas e muita oportunidade, e paga bem, sabe? Então eu sou a evangelista do TI.

Sempre tento ficar conversando com as pessoas para ver se elas migram de área. Porque a gente segue com aqueles estigma de que TI é difícil, que tem muita matemática e tal, mas não é tão difícil assim, qualquer um consegue aprender.

Ro: O programa é relativamente novo né, está na terceira edição, mas já dá para perceber algum impacto… de empresas que começaram ou que expandiram essas iniciativas?

Patrícia: Eu sei que muitas empresas que é caso da Vetor Brasil, é o caso do Carrefour, o caso da Uber, estão se inscrevendo todos os anos. Então a gente vê que existe um compromisso em querer continuar, porque como eu disse que cada processo do Selo um ano, então todo ano essas esses projetos, essas empresas e organizações têm alguma iniciativa para aquele ano. É uma iniciativa recente, e a gente vê que existe a preocupação cada vez maior por parte das organizações.

Um dos principais calcanhares de Aquiles do Selo que eu vejo, e que é um dos principais desafios que a gente recebeu – e é por isso que eu gostei muito dessa oportunidade de falar com vocês, é que a gente sente que tem muitas empresas grandes, a gente tem muitas multinacionais e poucos pequenos empreendedores. A gente tem PME, que a gente fala, mas a gente tem menos do que a gente gostaria, então a gente vê também que tem uma questão muito vinculada com que tipo de empresa, agora fazendo um recorte especificamente também do setor privado, a gente vê que infelizmente fazer esse tipo de iniciativa do Selo e ter projetos de igualdade, diversidade e inclusão ainda são caros entre aspas para as empresas, no sentido em que em geral você precisa ter uma empresa grande o suficiente – ainda há essa mentalidade eu quero dizer – que você precisa de uma empresa grande o suficiente para um setor, pagar para um setor específico que seja de RH ou um outro setor, para cuidar da diversidade, da sustentabilidade por exemplo também agora, então a gente vê que infelizmente – o que é muito bom porque são empresas que de fato empregam muita gente, têm um valor de mercado muito alto, têm uma visibilidade importante, a gente não tem problema com a inscrição dessas empresas, pelo contrário a gente incentiva e sabe o peso delas na economia e no setor de contratação – mas a gente fica preocupado de ver que ainda algo algo caro, é quase como se fosse um luxo.

E a gente quer também realmente desconstruir um pouco e justamente premiando essas iniciativas de pequenos empreendedores, mulheres, homens, cis e trans, que tenham essas iniciativas e que possam também entrar em contato com os grandes, né, com esses gigantes para que eles troquem experiências, cada um retratando naturalmente a sua devida realidade, o seu devido público, mas para gente desafio principal deste ano tem sido a gente aumentar, que as pessoas conheçam mas o Selo, porque como você mesmo pontuou, é recente, o Selo está na terceira edição, e tem se firmado de fato como uma política pública inescapável no sentido de que a proposta é que tenha todos os anos – inclusive é plano de meta, é algo estratégico dentro do poder público municipal, então não deve ser algo acidental, mas estrutural dentro dentro do projeto de metas e de estratégia do poder público.

E a gente tá preocupado com isso de querer aumentar justamente, tudo bem você ter uma empresa ou ter uma organização de 10, 15 pessoas, não tem problema, não precisa ter IPO na bolsa de valores, gente não tá procurando isso, mas a gente se preocupa de ver que as pequenas empresas às vezes têm essa resistência com a diversidade ou enfim, está começando e tem medo porque ainda acha que é alguma coisa que só é possível quando se é grande, então a gente quer mudar um pouco isso. Eu acho que esse lado, a discussão do debate da promoção de direitos humanos e inclusão no mercado de trabalho muito se assemelha com discussão de desenvolvimento sustentável, a gente vê que ainda é alguma coisa que é caro, uma coisa que é só grandes empresas têm gastado mais com isso, mas é  mentira, a gente tá vendo cada vez mais pequenos empreendedores, pequenos comerciantes, pequenos agricultores e agricultoras, gente que tá trabalhando cada vez mais com isso, a gente vê isso com muitos bons olhos e a gente quer que o Selo chegue  para esses públicos também. Isso é o nosso maior desafio neste momento, não apenas garantir, reter que as grandes empresas continuem se inscrevendo porque a gente sabe que é importante incentivar esses CNPJs a participarem, mas também a gente tem se preocupado em buscar esses outros públicos e todos os perfis que podem enriquecer muito a nossa Rede dos Selos por exemplo.

Ro: E parece que o pequeno empreendedor não tem noção do impacto social que a empresa dele representa também.

Patrícia: Exatamente, exatamente!

Jana: Bom, agora que a gente sabe que qualquer empresa pode participar da iniciativa para pegar o Selo, pode ser grande ou pequena, eu queria saber o que as empresas precisam fazer para adquirir o Selo.

Patrícia: Tá, o edital apresenta uma série de requisitos fundamentais, mas eu diria que como alguns pontos chaves são os seguintes: em primeiro lugar tem que ter um CNPJ ativo, isso é importante, parece meio óbvio mas é importante, algumas entidades e organizações não têm. Então, o critério número um fundamental é ter CNPJ, o critério número dois é estar baseado, situado no município de São Paulo, no município não no estado, isso é um outro requisito fundamental. Outro requisito é que a iniciativa que eles queiram promover não podem estar vinculadas em alguma iniciativa em parceria com a Prefeitura de São Paulo, então tem muitas entidades que têm, posso dar um exemplo, a Philip Morris fez uma iniciativa de violência contra a mulher com a Prefeitura de São Paulo faz pouco tempo, então não poderia se inscrever, ou em outros projetos ou programas que têm parceria com empresas e organizações, nossa própria cidade solidária com a Cruz Vermelha, também não poderia se inscrever, com esse tipo de ação com a prefeitura, isso é um terceiro ponto importante.

Quarto ponto importante diz respeito ao fato de que como é o Selo é anual então, muitas entidades escrevem para gente no nosso e-mail é que é essa é smdhcselo@prefeitura. sp.gov.br a gente recebe muitas dúvidas se eles podem se inscrever nessa rodada do Selo e sim, quem foi premiado uma vez pode ser premiado todo ano, porque cada iniciativa tem a duração de um ano.

Esses são alguns requisitos fundamentais para inscrição. E tem que escolher uma das três dimensões, RH inclusivo, na inclusão, a questão da responsabilidade social e também o marketing inclusivo de promoção dos direitos humanos, e tem que escolher também uma das 11 categorias temáticas que eu apresentei.

Esses são alguns dos requisitos fundamentais para inscrição, aí enfim, a apresentação da iniciativa e…ah um quinto pré-requisito importante é a implementação de 6 meses, até para que a entidade, a organização possa justificar e explicar a mensuração dos resultados. De que tipo de resultado eles conseguiram colher com base nessa experiência. Então a implementação de seis meses é um ponto importante.

Ro: Patrícia, muito, muito obrigada por aceitar conversar com a gente. Eu acho que a gente tem que valorizar esse tipo de programa que incentiva as empresas a promoverem a diversidade e ter essa mudança de cultura, e aí eu só queria para finalizar perguntar se alguém quiser saber mais sobre o programa ou como se inscrever, em que redes que ela pode acessar o que ela pode achar na internet?

Patricia: Em primeiro lugar gostaria muito de agradecer também a oportunidade de falar nesse espaço, eu acho muito importante para homens, mulheres, para as cis e para as  trans, para todos os públicos possíveis acho que é um espaço de debate, de troca de informação e experiência muito importante, fico muito honrada com o convite.

Bom, como eu disse a gente tem um e-mail para dúvidas que é smdhcselo@prefeitura.sp.gov.br mas a gente também tem mais informações no nosso site, o site da Prefeitura de São Paulo e aí vocês podem procurar a prefeituradesaopaulo/direitoshumanos ou na própria Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania cuja sigla SMDHC, então no Google por exemplo, se você jogar Selo  smdhc prefeitura, acho que acredito que seja direcionada, e a gente também tem a página do selo SMDHC no Linkedin, que a gente também tem postado informações, gradualmente de trocas que também podem ser consultadas. No mas também fico à disposição de vocês qualquer outra dúvida a gente também tá bem ativo, a gente também disponível, a equipe do Selo está 100% voltada para tirar essas dúvidas e tentar conseguir o maior número de perfis diferentes para justamente enriquecer esse debate do acesso à inclusão de diferentes grupos minoritários sub-representados no mercado trabalho no município de São Paulo.

Jana: Lembrando que o prazo desse ano foi prorrogado até o dia 31 de agosto, então ainda dá tempo para quem quiser se inscrever.

Mais uma vez obrigada Patrícia!

É isso aí gente, até a próxima pessoal!

Ro: Obrigada!

Patrícia: Muito obrigada, até a próxima!

 

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queer

Dona Jana é executiva de software com mais de 10 anos de experiência em empresas de tecnologia de estágio inicial a intermediário, incluindo gerenciamento geral, liderança em go-to-market e operações internacionais. Atualmente trabalha como presidente da empresa Odona, uma empresa focada em trazer diversidade para o mercado de trabalho brasileiro. Tem paixão por promover uma cultura inspiradora impulsionada por uma mentalidade de pessoas em primeiro lugar, com o objetivo final de fornecer uma experiência de classe mundial para funcionários e clientes. Estou dedicada a investir no crescimento de outras pessoas, operando com integridade e aproveitando a jornada!

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