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#005 Saúde mental na pandemia

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Saúde Mental

E o trabalho durante o isolamento social

DonaCast #005 – 28 de julho, 2020

Roberta Fabruzzi e Janaina Guiotti recebem a psicóloga Aline Barba para falar sobre os impactos do isolamento social na vida pessoal e profissional das pessoas.

Transcrição:

Ro: Estamos começando mais um episódio do, agora batizado – hmm será? (risos) Donacast!

Eu sou Roberta Fabruzzi.

Jana: E eu sou Janaína Guiotti. E hoje vamos falar de um tema que tem sido bastante recorrente, porque afinal… durante essa pandemia que estamos vivendo e o isolamento social, o que tá acontecendo com a saúde mental das pessoas? 

E agora a gente vai conversar com a psicóloga Aline Barba, que tem 11 anos de experiência com RH é responsável por ações de clima, cultura, engajamento, desenvolvimento organizacional e onboarding de profissionais e líderes de Tecnologia.

É isso Aline?

Aline: Resolvo B.O., assim…basicamente.

(risos)

Ro: E para começar, assim contextualizando o momento em que a gente está vivendo, eu não aguento mais ouvir as pessoas falando de “novo normal”, quando a gente fala sobre isso, tem relação com a nossa saúde mental?

Aline: Acredito que sim tá, porque que eu acredito que sim… quando acontece algo que está relacionado com o sofrimento na vida das pessoas elas tentam significar isso de alguma forma, e as pessoas estão sentindo sofrimento, estamos acostumados a sofrer de forma individual, então quando algum parente morre ou quando perco o emprego ou quando acontece algum tipo de diagnóstico na família que é um diagnóstico ruim, tudo isso causa sofrimento e geralmente o sofrimento é individual, a gente tá acostumado a ter esse sofrimento individual, ou o sofrimento em família. Mas tá acontecendo hoje um sofrimento em nível Mundial, então hoje eu sofro tanto no nível interno quanto no nível externo. E não tem precedente histórico, ninguém estava preparado para ser impactado por uma pandemia.

Eu brinco que quando a gente fez a nossa listinha do ano novo, a gente sempre faz a listinha do novo de promessas do que que eu quero para o ano que vem, né, ninguém tava esperando passar por uma pandemia ninguém tava esperando ter todos os seus planos interrompidos… cancelar viagem, cancelar lua de mel, cancelar casamento, ninguém tava esperando por isso. A gente não tem repertório, a gente não tem como lidar com uma situação totalmente nova. Ninguém nunca passou por isso para nos dar um norte um direcionamento ou passar por aquela experiência do “olha eu passei por isso, você tá passando agora mas vai passar”.

A gente até sabe que vai passar, mas qual é que é o grande problema e o que gera mais mais ansiedade? A gente não sabe quando. A gente não sabe como e a gente não sabe como vamos chegar lá, como é que a gente vai sobreviver até lá. Fora todos os outros problemas que estão acontecendo no mundo, se você jogar na internet, ou se você buscar informações nas redes sociais ou nas páginas de notícias, não é nem só o Covid que a gente está encarando nesse momento. Existem outros problemas, o Covid gerou isolamento social, gerou problemas econômicos, a gente é um país que tava tentando se recuperar de uma crise, para passar por outra ainda pior. Então essa questão de novo normal, acredito eu que é uma tentativa de você ressignificar e tentar absorver que, quando tudo isso passar as coisas não vão voltar ao normal. O normal que era pré-pandemia. Por que que não? Já aconteceu em alguns exemplos, a questão do 11 de setembro, quando aconteceu o 11 de setembro – aquela tragédia que matou milhares pessoas, tudo mudou a partir daquele dia, quando você chega no aeroporto, como você passa pela segurança,  como você entra nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo, as coisas mudaram a partir de uma tragédia. Então tudo mudou em relação a viagens depois de uma tragédia e a gente acredita que tudo vai mudar por conta dessa tragédia que estamos vivendo, por que é um vírus invisível, a gente não tem vacina e não sabe como lidar, Se  fosse uma gripe, a gente tá acostumado com gripe, você chega em casa gripado aí alguém te pergunta “nossa vocês está gripado, o que que aconteceu?” “eu peguei de alguém no trabalho, todo mundo no meu setor está gripado”. Então você está acostumado com isso. Porque a gripe não mata, quer dizer, a gripe mas em alguns casos – mas não é tão normal, a gente toma um antigripal, passa mal 3 a 5 dias e tudo volta ao normal. Diferente do Covid, que é muito pior do que uma gripe e em grande parte dos casos ou em alguns casos chega à morte, chega a óbito. Sem você ter um remédio para isso, sem você ter uma vacina para isso.

Então por isso que a gente acredita no “novo normal”, porque o que passou não vai fazer com que a gente sobreviva daqui para frente, então a gente vai ter que tomar atitudes diferentes para sobreviver – a questão do álcool em gel, a questão da máscara, a questão da busca insana por vacina – muitas coisas vão ter que acontecer para que a gente sobreviva a esse problema, as mesmas respostas que a gente deu no passado não vão resolver os problemas do futuro. Por isso que a gente precisa ter novas atitudes, e tem que encarar o jargão “novo normal”

Jana: Eu tive uma live da faculdade esse fim de semana que falou exatamente a mesma coisa, mesmo em termos econômicos, da mudança né do capitalismo…que ele não tem mais condições de continuar, precisa ter alguma alguma coisa diferente aí. Mas eu queria te perguntar a respeito das relações de trabalho agora, muitas empresas elas mudaram para trabalho remoto da noite para o dia, sem ter tempo para trabalhar com essas culturas e adaptações, e agora tem gente surtando 24 horas por dia, o chefe no pé, pedindo coisa de final de semana, não tem mais horário… como que isso pode refletir na vida de uma pessoa?

Aline: De várias formas, então existem n problemas que aconteceram por conta disso. As empresas que já estavam preparadas exemplo: empresas de tecnologia, que já trabalhavam com home [office], startups que trabalhavam com home, ou empresas de serviços no geral que já era estavam adaptadas para o mundo digital, foi de supetão que isso aconteceu de colocar todo mundo em casa? Foi mas a adaptação mais tranquila.

E qual que é o grande problema? As empresas que não têm o mindset de transformação digital, elas não têm uma cultura que propicia o mundo digital. O que é que é uma cultura que propicia o mundo digital? Uma cultura que eu confio no profissional tá trabalhando, eu não preciso vigiar o profissional 24 horas por dia, eu não preciso estar ali olhando – olho no olho para saber se ele tá trabalhando – que aquele perfil de “chefe” que não é gestor que chama, chama chefe. É o perfil de chefe que se eu não estiver no pé do meu profissional, se eu não tiver no pé do meu funcionário, ele não vai trabalhar,

Ro: Comando e controle, né?

Aline: Exatamente! Comando e controle. Então o chefe que trabalha com base em comando e controle não está adaptado para o mundo digital. Então eu já ouvi relatos de profissionais que quando dá o horário de início, por exemplo, às 8 horas da manhã – tem que ligar a câmera. E você tem que passar o dia com a câmera ligada até o horário de terminar, e o seu chefe ali, vigiando você através da câmera. Que autonomia é essa você tem? Que situação é essa que você vive? Entende?

Jana: É uma loucura né? Porque você deixa o colaborador muito mais insatisfeito com essa sensação de insegurança triplicada, ainda mais por conta da ansiedade que o próprio Covid gera.

Aline: E vigiado, e a gente sabe que estando em casa nem todo mundo tá preparado para trabalhar de casa. Eu por exemplo, eu tinha acabado de me mudar de apartamento, eu não tinha uma mesa, eu não tinha uma cadeira… e entrei de home office – fui avisada da segunda para terça. Então eu demorei ainda uma semana para comprar uma mesa, uma cadeira adequada para trabalhar. Eu moro em um estúdio, então eu não tenho escritório. Eu tô na sala da minha casa. Não dá para ver mas eu tô na sala, e trabalho na sala da minha casa que é do lado da cozinha, que é do lado do quarto.

Eu moro sozinha então não tem o impacto, a não ser de obra, né, aquele barulho de obra, que todo mundo decidiu fazer reforma. Ou o carro do ovo que passa, hoje foi o carro da laranja que passou e ficou parado na porta aqui no meu prédio. Então tem n coisas que acontecem durante o dia que você não tem como evitar estando em casa. E quem tem filho? Eu não tenho filhos, mas e quem tem filhos? Não tem com quem deixar, tem que ficar você cuidando em casa. Trabalhando e administrando a rotina da sua casa.

Então de vez em quando o gato vai passar na frente da câmera, de vez em quando é o filho que vai te chamar, né, vai gritar… e tem aí n situações que são engraçadas porque tá todo mundo passando por isso, que quando eu tenho um chefe que trabalha em comando e controle, ele não aceita. Você tem que estar no trabalho em casa da mesma forma que você tá no escritório, ou da mesma forma que está na loja, ou na mesma forma que você tá aqui. Não tem condição, algumas coisas precisam ser adaptadas.

Empresas que não têm flexibilidade não funcionam. Eu sei que existem alguns segmentos que precisam sair de casa, esse é um caso, mas as pessoas que conseguem fazer o trabalho delas da casa delas, eu preciso vigiá-las para que elas trabalhem? Se eu não confio no profissional com quem eu tô trabalhando, por que é que eu tô trabalhando com ele?

Então são questões que a gente não faz no dia-a-dia e muitas coisas vão se transformar daqui para frente, porque por exemplo, eu trabalho com recursos humanos e muitas coisas eu achei que não fossem funcionar. Eu sou uma pessoa muito dinâmica também.

Em vários momentos no escritório eu perco o foco do meu trabalho porque alguém me chama, o telefone toca, chegou um e-mail, ou “ah, vamos para uma reunião aqui rapidinho”.  Então eu perco foco várias vezes ao longo do meu dia, o home office para mim, veio me mostrar que funciona. Que eu não preciso estar no escritório para ser acionada por problemas, que eu não preciso estar fisicamente lá para mostrar que estou trabalhando. Eu realmente consigo produzir da mesma forma que estava no escritório.

Algumas coisas realmente são diferentes, porque o olho-no-olho falta, a conexão falta, às vezes se é um problema muito grave e a pessoa começa a chorar, você não consegue confortá-la não ser por vídeo. Mas a tecnologia veio para facilitar algumas coisas e mudar a nossa mente mudar a forma como a gente trabalha. Eu não consigo tirar do mundo real e trazer para digital tal da mesma forma.

Existem n problemas que acontecem se eu quiser tratar o meu funcionário da mesma forma que eu trato ele no mundo físico para o mundo digital.

Roberta: Tem também aqueles que perderam a noção total de tempo, de privacidade, de vida pessoal. E aí te mandam mensagem 10h da noite, 5 horas da manhã, de final de semana.

Aline: Tem esse problema. Em algumas empresas isso já acontecia de forma esporádica. “ah é um problema muito grave que não dá para esperar segunda-feira eu te chamo no final de semana”. Então em alguns lugares eu sei que por exemplo, em agências isso acontece muito, no ramo de tecnologia isso acontece muito, é uma entrega muito importante, deu um problema no final de semana, é preciso agir de forma imediata. Então, para problemas imediatos eu preciso de ações imediatas.

Agora, o fato de eu estar em casa não significa que eu estou 100% disponível para o trabalho. Eu sou uma profissional, mas eu sou esposa, eu sou mãe, eu sou amiga, eu sou estudante, eu tenho n papéis na sociedade que não deixaram de existir só porque eu estou em isolamento social. Só porque eu estou trabalhando de home office Os meus outros papéis não podem deixar de existir, e isso é uma conversa que precisa ser ter com a liderança, essa é uma conscientização que a liderança precisa ter, e às vezes o time precisa ter também de que eu não sou uma profissional 24 horas por dia, sete dias por semana. Eu sou profissional em 180 horas no mês, ou mês muito atribulado 200 horas. Mas e todo o resto? Todo o resto preciso exercer outros papéis. Eu preciso ter relacionamento comigo, em que momento eu paro para pensar nos meus problemas, na minha vida. Em que momento pode para descansar a cabeça e não fazer nada.

Jana: O ócio é importante.

Aline: O ócio criativo! Quanto isso é importante, você parar para não fazer nada!  “mas que você tá fazendo?” , “me deixa quieto que eu não tô fazendo nada! Eu só preciso descansar a cabeça”. Eu tenho síndrome do pensamento acelerado, então assim, eu penso rápido demais por isso eu falo rápido demais. Eu tenho que ficar me policiando o tempo todo. A minha cabeça lá é igual a ventoinha de um CPU, assim tem momentos parece que até faz barulho, sabe quando você está sobrecarregada? Eu momentos em que eu paro para não fazer nada, são momentos que até o meu cérebro parece que dá aquela respirada e descansa, sabe, “nossa meu Deus, ela parou de funcionar, deixa eu aproveitar esses minutos preciosos.”

É necessário ter momentos de ócio. Então quando a gente traz para o isolamento social o Home Office eu vou ter outros problemas, eu já não tô me relacionando com outras pessoas, eu já estou impedida de sair na rua, impedida de fazer as coisas que eu mais gosto, impedida de ver as pessoas que eu mais amo. Além de tudo ter que lidar com um time ou com uma liderança que exige de mim 24 horas por dia sete dias por semana é muito complicado. A gente precisa aprender a lidar com isso, aprender a ter essa conversa com a nossa liderança, com os nossos colegas de trabalho, de que eu sou profissional sim, mas em outros momentos eu exerço outros papéis. E eu dependo, nós todas dependemos dos outros papéis para que o profissional se mantenha bem,

É só porque eu descanso, é só porque eu estudo, é só porque eu me relaciono com as pessoas é que eu consigo me manter saudável para ser produtiva no meu trabalho. Falando da minha realidade que é tecnologia, existem momentos do ano ou momentos do mês que são necessários empenhos extras, a gente sabe disso, estamos acostumados com isso. Mas em que momento isso vira uma regra e em momento essa regra vira algo imposto? Que ou você faz dessa forma e se adapta ao meio, ou então você não faz parte daquele grupo, ou você se sente excluído, você sente penalizado ou você demonstra incompetência, ou você demonstra que você não tá comprometido com seu trabalho.

São coisas que a gente precisa analisar, eu sei que existem culturas que são assim e a gente precisa trabalhar para que essas culturas mudem. “Ah Aline, mas eu sou só uma funcionária de chão-de-fábrica, eu sou só uma pessoa júnior, um assistente. Como é que eu faço para mudar isso?”  São conversas que a gente precisa ter com a nossa liderança, que nem sempre vão ser entendidas, nem sempre vão ser levadas em consideração, mas o que que eu acredito como profissional – que contra fatos não há argumentos.

Eu trabalhando no papel de business partner, eu tenho que levar para os gestores da empresa que sobrecarga de trabalho ou excesso de horas extras vão cansar o profissional,  um profissional cansado ele tem um índice de erro muito mais alto, e o índice de erro gera retrabalho, e retrabalho gera custo, gera custo que onera o cliente, gera custo na empresa… e esse custo gera profissionais doentes e qual que é o custo de um profissional doente? O custo de substituir essa pessoa, o custo de substituir o trabalho dele, o custo de dispensá-lo por licença médica.

Então às vezes a gente precisa levar para nossa gestão não só preocupação com pessoas mas é óbvio que eu estou preocupado com a saúde do meu profissional mas eu preciso mostrar para a liderança que essa preocupação não é nem só com a vida da pessoa, é com ele também, com a vida do gestor também. Um time sobrecarregado vai gerar retrabalho e vai gerar muito mais custos do que seu planejar melhor o meu dia, do que se eu conseguir planejar as minhas tarefas durante o dia de forma mais eficiente, para conseguir trabalhar menos tempo fazendo mais coisas.

Então talvez isso que eu precise mostrar para a minha liderança. Como fazer mais com menos tempo. Isso gera n benefícios para a empresa e para a saúde do profissional também, ter um profissional tá bem profissional, que não está sobrecarregado…ele é uma pessoa muito mais motivada para fazer outras coisas, que ao invés de estar fazendo retrabalho, ele pode estar pensando de formas estratégicas como melhorar aquilo que ele faz.

São n esferas, n problemas e muitos que não têm solução. Porque eu sei que existem empresas familiares que não acreditam nisso, existem empresas que olham para os métodos ágeis, que é toda essa questão de fazer mais rápido e mais eficiente com menos,  olham para isso e acham que é modinha. Acham que não funcionam.

Ou querem ter um pensamento de comando e controle dentro de um método ágil, não vai funcionar porque são coisas conflitantes, eu preciso empoderar meu time confiar neles, dar autonomia para ele, para que ele consiga deslanchar e fazer o trabalho dele.

Quer coisa pior do que um gestor contratar alguém super inteligente e colocar ele dentro da caixinha?

Ro: Não usa o potencial, né?

Aline: Todo o potencial dele vai para o lixo, junto com a caixinha em que ele foi colocado. Então, existem perfis de liderança que não geram autonomia, que não acreditam no profissional e que se não for feito do “meu jeito” está errado. “O meu jeito é o certo e eu não estou disposto ouvir o seu jeito ou a trabalhar do seu jeito, porque o seu jeito é diferente do meu”. Então existem momentos em que eu com profissional preciso provar, às vezes com números, às vezes com entregas e com resultados, de que um método diferente gera o mesmo ou um resultado maior. Mas eu entendo que não são todos os lugares que têm abertura para isso.

Ro: E aí eu achei legal que você falou desse perfil de liderança, porque tem muito isso agora e muito visível – porque todo mundo tá trabalhando em casa e precisa de uma certa autonomia, se não você não consegue trabalhar em casa. E aí tem aquilo – você tá num ambiente às vezes pequeno, com criança, com idoso, com família grande… e aí acho que tudo isso deve gerar uma série de emoções e sentimentos de ansiedade. E como que as pessoas lidam com isso trabalhando em casa, com tudo isso acontecendo e medo de ficar doente, não poder sair para a rua, podendo perder emprego enfim, tem um monte de coisa junto.

Aline: Eu pensei 25 coisas para te responder, espera… (risos)

Ro: Pode fazer uma lista…

Aline: É, eu acho que a gente vai ter que fazer uma lista. Quando a gente fala do isolamento social ele gera muitos impactos na vida das pessoas, porque às vezes o problema não é o trabalho às vezes é o fato de você não poder sair na rua, é o fato de você não ter ambiente dentro da sua casa que te proporcione segurança psicológica, ou te proporcione segurança física mesmo. Nós sabemos que isso acontece.

Às vezes o ambiente da sua casa tem um monte de gente para compartilhar um espaço super pequeno, e você tem que lidar com reuniões, porque estamos aqui num ambiente super silencioso, mas se eu tivesse criança, bicho, vizinho gritando e fazendo churrasco, né, se fosse um pouco mais cedo fazendo um churrascão aqui do lado, a gente estaria sendo interrompida. Então tem n sentimentos que acontecem por conta, disso por conta do isolamento, por conta das notícias, por conta de toda a preocupação com a economia.

Então às vezes na sua casa tá quase todo mundo perdeu emprego, ou efetivamente todo mundo perdeu o emprego. Ou então você passa o medo de perder o emprego nos dias por conta da economia que estamos vivendo, então existem n preocupações e eu tava lendo um artigo da Harvard Business Review, falando que o que a gente tá sentindo nesse momento é tristeza. Tristeza por conta de toda a preocupação que nós estamos em relação ao nosso futuro, nosso futuro é incerto, incerto em relação à saúde, ele é incerto em relação à economia, ele é incerto em relação às relações, ele é incerto de várias formas. Essa incerteza do futuro nos causa insegurança e essa insegurança nos gera muita ansiedade.

A ansiedade é excesso de preocupação com o futuro, e quando eu tenho esse excesso de preocupação com o futuro, isso gera n angústias e sentimentos de perda, sentimentos de tristeza que se você não controlar isso que você tá passando com certeza você vai piorar.

A tendência é sempre piorar as doenças que a gente não trata né, tudo aquilo que a gente não procura resolver a gente piora.

Tem alguns pontos que a gente pode trabalhar para tentar evitar esse tipo de sentimento, a questão de estrutura física não tem muito o que fazer, é aprender a lidar com isso. Levar na esportiva e torcer para o seu líder ou para o seu time levar na esportiva também quando uma criança chora durante a reunião, quando um bichinho de estimação quebra um negócio perto de você, ou quando você passa algum problema dentro de casa, ou tem que atender a portaria, né, eu que moro sozinha tenho que atender a portaria, não tem o que fazer. Eu tenho que ir até lá, então n coisas acontecem ao longo do dia porque você tá em casa. Então isso nós temos que lidar da melhor maneira que pudermos, e não se cobrar por isso. Assim “ah nossa mas eu tô passando por isso, as pessoas estão percebendo que tem um monte de gente na minha casa”…lembre-se que você não tá sozinha, tá todo mundo passando por dificuldade, mas neste momento estão todos no mesmo barco do estar em casa. Às vezes estar em casa o barco é só uma canoa tá quase furando, né, mas existe essa questão da infraestrutura física e a gente tem que lidar com isso.

Em questão dos sentimentos, existem alguns pontos que a gente pode trabalhar.

O primeiro deles é entender as fases da tristeza, eu comecei o discurso falando da questão do que a gente tá sentindo é tristeza, o melhor é a gente entender quais são as fases da tristeza. Por que entender? Porque se eu consigo entender o que eu tô sentindo eu posso trabalhar isso de forma mais efetiva.

Então a tristeza ela tem algumas fases, a primeira delas é a negação. Eu começo negando – foi lá no começo –  esse vírus não vai me atingir, a mas passou lá na Europa, só lá na Ásia, não vai chegar no Brasil. Ah no Brasil a gente tem a benzetacil galera, todo mundo aqui já tomou benzetacil e a gente vai se virar super bem! Aqueles memes do SUS né – comi Terra quando era criança eu sou imune a qualquer coisa –  a gente acaba fazendo piadinha para negar, “não isso não tá acontecendo”.

Quando passa a questão da negação vem a raiva, que é “eu tô sendo forçado a ficar em casa, eu não posso fazer as atividades que eu mais gosto, eu não posso ver as pessoas que eu mais amo”… isso gera raiva. Você fica com raiva daquela situação.

Depois da fase da raiva tem a negociação, eu começo a negociar com o que tô vivendo ” se eu ficar em casa duas semanas tudo vai melhorar, se eu fizer tudo certinho e passar álcool em gel, sair de máscara e ficar em casa mais tempo possível, as coisas vão voltar ao normal”.  Eu começo a negociar, se eu fizer isso eu vou ter isso em troca, depois da fase da negociação vem a depressão que é quando você tem aquela sensação de tristeza tão profunda que você olha para sua vida e fala “cara, isso nunca vai passar, eu nunca vou sair dessa, eu nunca mais vou  ser a mesma pessoa” ou então “a economia nunca mais vai se recuperar, estamos indo para o fundo do poço”.

A sensação de tristeza profunda que você não vê futuro, você não vê perspectiva de melhora. Você realmente aceita e fala “Cara, eu lavo as minhas mãos eu faço que eu tenho que fazer, isso aqui está realmente acontecendo que. O que eu preciso fazer para melhorar? O que é que eu preciso fazer para sair dessa situação?” Então são n coisas que acontecem, essas fases são muito próximas às fases do luto, uma pessoa que passa pelo luto, ela passa por mais ou menos essas mesmas fases.

Só que essa fases não são lineares, eu não vou passar primeiro pela negação depois pela negociação… uma parte cada vez, não, elas não são lineares. Eu vou atravessá-las indo e voltando até chegar na fase da aceitação, eu dou um exemplo que parece um videogame com bug. Você passa pela fase número 1, aí você passa pela fase número 2, aí você passa pela número 3 vence o chefão, tá indo para a 4, quase acabando, dá um bug e você volta para a 2. Você fala “mas eu já passei por isso”, vai passar de novo, e de novo, e de novo até chegar o momento da aceitação.

Quando a gente fala das fases do luto, elas podem durar até dois anos, você passando,  indo e voltando para fases. Pode pode durar até 2 anos e às vezes até mais em alguns casos mais graves quando a perda é muito grave.

Então quando a gente trata de uma pandemia de caráter mundial que não temos precedentes históricos e não sabemos o que vai acontecer com o futuro, nós podemos passar por essas fases várias vezes. 

Então tem dia que eu acordo super bem, motivada e é isso tô fazendo tudo que eu tenho que fazer, tem que limpar tudo e tá tudo bem… amanhã vai ser outro dia! E tem dia que eu acordo não querendo nem levantar da cama, porque não aguento mais, porque isso é uma droga, eu não posso fazer nada do que eu fazia antes ou tudo que eu faço não me dá alegria, todas as atividades que eu faço não me causam satisfação.

Então tem dias bons e dias ruins.

Então que é que eu tenho que fazer? Primeiro, identificar as fases entender que você vai passar por elas e elas não são lineares, e eu posso tomar algumas atitudes para melhorar. A primeira coisa é buscar equilíbrio entre o que eu tô pensando, né, será que se eu ficar preocupada com pior cenário, ele vai acontecer mesmo? Será que se eu ficar preocupada com o melhor cenário ele também vai acontecer? Nós não sabemos. A gente não pode ser mais pessimista e a gente não pode ser mais otimista, eu preciso buscar um centro, eu preciso buscar um equilíbrio. E sempre estar no equilíbrio entre razão e emoção, porque o nosso cérebro está programado para pensar sempre no pior, para que eu me prepare para o pior.

Então o nosso cérebro é primitivo, ele está sempre preparado para morte. Se eu tiver que morrer, o que eu preciso fazer para evitar. Então quando nosso cérebro disparar o pior cenário, eu tenho que pensar no melhor cenário e encontrar um equilíbrio.

A segunda coisa é se voltar para o momento presente, lembra que eu falei que o nosso cérebro sempre vai se projetar para o futuro? Para pensar no que é sempre pior e eu tenho que me policiar para pensar no melhores tentar encontrar um equilíbrio. Nosso cérebro vai sempre pensar lá na frente, eu preciso voltar para o presente.

Então quando eu tiver preocupada, quando eu tiver cheia de angústia, quando eu tiver pensando nas piores catástrofes “a minha família vai morrer, eu vou me contaminar”… cara, volta para o momento presente, respira fundo e olha o seu redor.

Você tá bem, você está saudável, tudo aquilo que você imaginou não tá acontecendo,  você está aqui neste lugar, pensando em tudo que eu tô dizendo. 

Se volta para o momento presente, é uma atitude que a gente tem em medicação ou mindfulness, se vocês quiserem estudar um pouco melhor, chama mindfulness. 

A terceira coisa é se desfazer daquilo que a gente não tem controle, quando a gente tá muito ansioso a gente tende a tentar controlar tudo tá o nosso redor. Então assim, eu não posso controlar o meu vizinho que tá saindo na rua sem máscara, eu não posso controlar todas as pessoas que estão indo para o shopping passear mesmo em meio a esse cenário.

Ro: E dá um nervoso, hein!

Aline:  Sim, mas você precisa lembrar, você não controla eles. O que você controla? 

Você controla a si mesma. Você tá fazendo o seu melhor?

Jana: Eu tive um é uma notícia que me deixou apavorada, porque eu costumo pedir marmita no restaurante aqui do lado sempre, porque a comida barata e gostosa. E aí eu descobri que a cozinheira afastada por Covid.. e eu, hmmm e ai? 

(risos)

Jana: Eu não posso controlar isso,

Aline: Não, a gente não tem controle. Então eu preciso pensar que quando eu peço comida de fora eu assumo que ela pode vir contaminada eu consigo lidar com isso? Ótimo vou continuar pedindo. Eu não consigo lidar com isso? Eu preciso dar um jeito de eu mesmo cozinhar a minha comida. Então assim, do que eu tenho controle? Tenho controle sobre mim, eu tenho controle sobre o que eu faço. Eu estou passando álcool em gel, eu estou saindo de máscara, eu não controlo as pessoas que estão se aglomerando na rua, eu controlo meu comportamento de me afastar delas, de manter a distância de um metro e meio entre uma pessoa e outra. É o máximo.

Então é muito difícil quando até os seus pais, se vocês têm pais idosos, né, a minha mãe por exemplo, no começo da pandemia vivia dizendo que isso não era nada e ela tava saindo por aí, perambulando pela cidade. Eu ficava desesperada. Me lembrar disso é muito difícil, lembrar que meu Deus, eu não tenho controle sobre a minha mãe.

Você só tem controle sobre você, sobre os seus pensamentos, suas atitudes, seus sentimentos. Você não tem controle sobre as outras pessoas, você não tem controle sobre o que eles estão fazendo, você tem controle sobre si.

E por último, para a gente encerrar, é praticar compaixão. Compaixão comigo mesma e compaixão com o outro. Eu trabalho em um time e a gente sabe que estamos vivendo um momento muito estressante. Todo mundo tá angustiado, triste, tentando lidar com tudo isso e nem todo mundo tá conseguindo lidar bem com isso. Então às vezes acontece da gente estar no trabalho e ser maltratada por alguém que nunca fez isso com você, você vai levar em consideração esse episódio pequeno ou todo o restante? Vamos praticar um pouquinho de compaixão. Será que essa pessoa está passando por um momento difícil e foi por isso que ela acabou descontando em mim? 

Então praticar um pouco de compaixão e empatia com aquela pessoa e me colocar no lugar dela. E depois chamar ela para conversar e falar “olha, não gostei muito do que você falou comigo, da forma como você falou. Tá acontecendo alguma coisa? Posso te ajudar de alguma forma?” E você abre um canal de comunicação com essa pessoa.

E quando eu falo de compaixão com os outros, com todo o estresse tá acontecendo, eu preciso lembrar que eu preciso ter compaixão comigo também. Porque tem dia que eu vou estar produtiva, feliz, empolgada, fazendo um milhão de coisas… aí você limpa a casa, trabalha, faz exercícios, lê um livro… igual as blogueiras fitness, né… acorda às seis da manhã, tomar café, faz exercício, né? Deu 7 horas da manhã e já fez duas reuniões… Aí você fala “cara, não sou assim” e se você não assim tá tudo bem.

Pratique compaixão consigo mesma. Eu até comentei numa outra live que a gente fez, que eu tinha me programado para ler um livro por mês. Aí saí de home office, ficamos  enclausurados em casa e eu falei “nossa, vou ler 10 livros nessa pandemia”. Não li nenhum. (risos) Então você pode encarar isso de duas formas, ou você se auto deprecia “não presto, não tem capacidade para ler um livro, tenho todo tempo sobrando… 2 horas que eu estava no trânsito eu não tô usando essas duas horas para nada” ou eu posso  pensar que estou vivendo um dia de cada vez, do melhor jeito que eu consigo. Hoje não deu para ler um livro, talvez amanhã dê. Ou talvez não e está tudo bem!

Eu tô fazendo o meu melhor, eu tô com o mantra do “fiz o que deu”. Quando às vezes a gente tem a rotina da casa para lidar, e lidar com o trabalho. e lidar com os relacionamentos. Eu, por exemplo, estou sem ver a minha família há três meses e o quão é ruim você ficar longe das pessoas que você ama, o quanto é difícil você passar por isso. Então hoje eu fiz o que deu, eu fiz o meu melhor. E se hoje eu não conseguir, amanhã eu vou tentar de novo e se não der eu tento no dia seguinte, mas eu tô vivendo hoje. Estou vivendo um dia de cada vez.

Eu tava lendo um blog da Ruth Manus, ela escreve para O Observador, e ela fez uma reflexão que eu achei muito poderosa. Ela falou sobre o quanto tem sido difícil o momento que nós estamos vivendo, mas nos fez refletir sobre uma coisa muito importante: será que eu quero viver daqui para frente a mesma vida que eu vivia pré-pandemia? Será que eu quero aquela vida lá do passado? Porque hoje é saudoso né, ah quando a gente ia para o bar, ah quando a gente ia para festa… quando a gente ia para o churrasco. É saudoso lembrar das coisas, mas o saudosismo é mentiroso né? Ele nos engana

Será que eu tenho saudade mesmo daquela vida do passado? E se eu não sinto saudades da vida que eu tinha antes da pandemia, o que eu posso fazer daqui em diante, para quando as coisas voltarem pós pandemia, o que eu posso fazer de diferente? Qual que é a vida que eu quero ter daqui em diante? Tem várias histórias de mulheres que estão passando por dificuldade em casa por conta da violência doméstica, por conta de estar em relacionamentos abusivos dentro de casa com os maridos ou esposas – porque o relacionamento homossexual também pode ser abusivo, isso é um tabu mas ele também pode ser abusivo – então quando a pessoa sai daquele relacionamento, o começo é muito difícil, o término, aquele momento de depressão quando tudo acabou, Mas a sua vida vai renascer, depois da pandemia você vai ter uma outra vida…e o que eu quero para essa nova vida?

Então se eu tô com muita dificuldade, muita angústia, muitos sentimentos depressivos nesse momento que eu tô dizendo agora, vamos olhar para o futuro… mas vamos olhar com um olhar esperançoso. O que eu posso fazer no pós pandemia de diferente para ser mais feliz. Eu descobri na pandemia que eu não preciso de tudo que eu comprei, todas as roupas que eu comprei, todos os sapatos eu comprei, todas as dívidas que eu fiz por causa disso são inúteis. Será mesmo que eu precisava de tudo isso? Será mesmo que eu precisava ter se senso consumista de estar sempre na moda? Porque agora a moda é irrelevante, eu não saio na rua.

Ro: Agora só da cintura para cima para videoconferência.

Aline: E olhe lá! Se você não aparece no vídeo naquele dia talvez trabalhe até de pijama né!

Jana: Confesso que eu trabalho muitas vezes de pijama.

(risos)

Aline: E às vezes eu nem trabalho de pijama, mas trabalho com blusa de moletom que não é o meu normal, de trabalhar com Recursos Humanos. Trabalhar com uma blusa de moletom, por exemplo…

Então, eu queria convidar vocês a refletirem sobre isso: o que na pré-pandemia não era bom na minha vida, ou não era legal… que eu não estava feliz ou plenamente satisfeita e que eu posso mudar daqui pra frente.

O que eu posso fazer de diferente daqui para frente? Eu sei que tem questões financeiras, eu sei que tem questões de infraestrutura e familiares que nos causam vários obstáculos, mas quando você pensar no obstáculo, pense também em uma maneira de contorná-lo. Estamos vivendo momentos de isolamento e eu queria trazer a gente aqui como mulher para uma reflexão interna mesmo, para refletir mesmo sobre a minha vida atual e a vida que eu quero ter.

Jana: Você falou bastante sobre compaixão e aí para encerrar eu queria te perguntar o que que as empresas e as lideranças podem fazer para que as pessoas que trabalham na empresa encarem isso de uma forma mais saudável.

Aline: Existem algumas coisas que as lideranças podem fazer, então a gente até falou em alguns pontos, como mudar a forma como eu faço gestão. Eu não consigo fazer gestão das pessoas de forma física, da mesma forma que remota. Então eu tenho que preparar o meu time, saber se meu time está atendido com coisas básicas. Ele tem computador? Ele tem internet? Ele tem estrutura física em casa? Tem cadeira para sentar, mesa para trabalhar? Se ele não tem o que é básico, ele não vai conseguir ter um bom trabalho. Então eu como líder devo ficar preocupado. Se eu não consigo ajudá-lo com isso, eu preciso procurar meios de que ele trabalhe ou afastar essa pessoa do trabalho, porque se ele não tem o básico…

Segundo: estar preocupado também com as atividades daquele profissional, de que forma eu estou cobrando as atividades? Eu estou cobrando com comando e controle? Estou acompanhando o trabalho dele ou estou vigiando porque eu não confio nele? Porque se eu estou trabalhando e não estou vendo meu profissional, eu tenho que ter um canal de comunicação com esse profissional, ele tem que ter segurança psicológica para conversar comigo dizer que tem um problema, tem que ter pessoas para auxiliá-lo – então tem uma rede ali de atuação que possa auxiliá-lo nas demandas que ele precisa – e eu também preciso criar meios de fazer a gestão das tarefas e das atividades.

Eu não consigo estar ali 24 horas por dia vigiando ele, sabendo que ele tá trabalhando ou não. Então primeiro eu tenho que confiar no trabalho dele, passar as atividades de forma clara – está relacionado com comunicação – eu preciso passar as atividades e ter o controle dessas atividades de forma clara e feedback. Eu acho que é fundamental dentro ou fora do trabalho remoto eu ter feedbacks.

Feedbacks positivos de quando as coisas estão indo bem, de quando o profissional teve uma atitude positiva, teve uma atitude que foi muito boa para o time ou para o projeto,  para engajamento daquelas atividades, e os feedbacks negativos também tem que ser claros. Eu tenho que ter empatia com o meu profissional, não posso cobrar que ele fique 24 horas ligado na câmera, até porque ele tem que ter um momento de levantar para tomar uma água, ir ao banheiro. às vezes para atender a porta. Então não consigo manter o comando e controle desse profissional, não consigo vigiá-lo. Eu preciso dar feedbacks claros.

Existe uma diferença de dar um feedback de “ah, o seu trabalho não foi legal” e “o seu trabalho estava desatualizado, eu vi erros de português no seu trabalho” ou dar exemplos. Eu preciso me preocupar, como líder, preciso me preocupar em passar as atividades, passar os feedbacks da forma correta, preocupado, claro, com a estrutura e  com o básico, mas também acompanhar da melhor forma, eu preciso promover um ambiente de engajamento. Como é que a gente pode fazer isso? De várias formas. Todo mundo isolado em casa, será que quando eu faço uma reunião por vídeo eu tô preocupado em só fazer o check-list daquela reunião ou eu estou realmente preocupado em saber se as pessoas estão bem? Eu não preciso estar preocupado em todas as reuniões, mas será que uma vez por semana eu converso com o profissional para saber se ele está bem? Saber como é que foi a semana dele, se ele conseguiu fazer as atividades que ele deveria fazer ou se ele teve algum impedimento daquela atividade.

Eu estou usando alguns termos do mundo e do universo de tecnologia, mas a gente pode trazer para os outros.

Quando tenho uma liderança realmente preocupada com o bem-estar do profissional eu faço de tudo para que ele tenha as atividades adequadas para o trabalho dele, a carga horária de trabalho dele eu também me preocupo, para saber se ele não tá trabalhando muito mais ou muito menos. Porque também tem a questão do trabalhar menos.

O quanto é desestimulante você não tem nada para fazer, o quanto é frustrante você fica plantado como uma samambaia na frente do computador sem ter atividade. Ou não ter demanda de trabalho.

Existem os dois mundos, o da sobrecarga – que eu tenho que trabalhar 20 horas por dia, e o do não ter nada para fazer. Não ter nada para fazer um dia é uma coisa, dois dias…  agora o mês é outra. O quanto eu me sinto inútil e improdutivo quando eu também não tenho atividade, ou não tenho atividade adequada para o meu nível de carreira e o que eu consigo entregar. Acho que também as lideranças precisam estar preocupadas com a autonomia dos seus profissionais, será que eles têm autonomia para fazer o trabalho deles? Será que eu permito que eles tenham autonomia, não precisa ser autonomia para tudo, ele não tem autonomia para tomar decisões estratégicas, mas será que dentro das atividades dele, tem autonomia suficiente para exercer a criatividade, para ter a solução criativa de um problema, para tomar frente da solução de um problema ou ele acredita que se ele tomar a frente da solução, vai ser punido? Se ele decidir fazer algo diferente ele vai ser punido? 

Será que eu promovo o meu profissional para que ele realmente faça coisas diferentes?  Será que eu como líder eu estou promovendo o crescimento do meu profissional ou estou barrando crescimento do profissional? Quando eu barro crescimento profissional eu mais perco do que ganho.

Ro: Aline, super obrigada por compartilhar com a gente tudo isso. Acho que nesse momento principalmente, essas reflexões, esse olhar para a saúde mental também é super fundamental. 

Você quer deixar suas redes sociais para quem quiser seguir? 

Aline: Se quiserem me seguir no Linkedin, lá eu falo um pouco mais sobre a vida profissional é Aline Barba, as minhas redes sociais são mais sobre a minha vida pessoal, sobre o que eu faço no dia a dia, se quiserem me seguir no Instagram é @alinebarba E é isso, estou muito feliz de ter sido convidada, espero que tenha relevância para vocês esse assunto que eu sei que é algo difícil de se lidar, estamos juntas nessa dificuldade afinal tá todo mundo isolado em casa… então o que eu falei aqui são coisas inclusive que eu passo, que vocês passam, então acredito que quando a gente tenta ser melhor no dia a dia – melhor para nós mesmos – a gente acaba impactando o universo ao nosso redor. Eu tô muito feliz de ter participado, muito obrigada pela oportunidade e pelo convite.

Jana: Muito obrigada Aline por ter topado o desafio e foi ótimo.

Aline: Acho que consegui passar um pouquinho da minha experiência para todo mundo que puder assistir.

Jana: Legal, brigadão mesmo

Ro: Então é isso gente, sigam a Aline, Sigam a Ô Dona, e beijo, tchau!

Aline:Tchau!

Jana: Tchau, tchau!

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queer

Dona Jana é executiva de software com mais de 10 anos de experiência em empresas de tecnologia de estágio inicial a intermediário, incluindo gerenciamento geral, liderança em go-to-market e operações internacionais. Atualmente trabalha como presidente da empresa Odona, uma empresa focada em trazer diversidade para o mercado de trabalho brasileiro. Tem paixão por promover uma cultura inspiradora impulsionada por uma mentalidade de pessoas em primeiro lugar, com o objetivo final de fornecer uma experiência de classe mundial para funcionários e clientes. Estou dedicada a investir no crescimento de outras pessoas, operando com integridade e aproveitando a jornada!

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