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#004 A Educação é o Futuro

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A Educação é o Futuro

DonaCast #004 – 01 de julho, 2020

Com Janaina Guiotti e Roberta Fabruzzi.

O assunto desse episódio é educação e a perspectiva de uma juventude excluída, diante da realidade de um país com tamanha desigualdade social.

Para falar sobre isso, Janaina Guiotti e  Roberta Fabruzzi recebem Luana Alves, psicóloga da Saúde Pública que faz parte da diretoria executiva da Rede Emancipa – uma rede cursinhos populares pré-universitários que atende milhares de estudantes de escolas públicas em seus  mais de 70 de cursinhos espalhados em lugares do Brasil.

Rede Emancipa: https://redeemancipa.org.br/

Ô, Dona http://54.88.178.25/

Transcrição:

Ro: Olá! Estamos começando mais um episódio deste podcast maravilhoso! Eu sou a Roberta Fabruzzi

Jana: E eu sou a Janaina Guiotti.

Ro: E hoje a gente vai falar de futuro.

Jana: E o futuro que a gente quer, é um futuro de possibilidades e oportunidades para todas as pessoas.

Então, a gente acha que educação é a única forma que a gente tem para mudar o mundo inclusive com relação a desigualdade de tudo, né… de gênero de orientação sexual e enfim…

Ro: E para falar sobre isso estamos recebendo a Luana Alves que é psicóloga e faz parte da equipe executiva do Emancipa –  uma rede de cursinhos populares pré universitários, que atende milhares de estudantes de escolas públicas em mais de 70 cursinhos espalhados em diversos lugares do Brasil!

Luana: Sim.

Jana: Luana muito bem-vinda!

Luana: Obrigada!

Jana: Eu queria começar, então, sabendo um pouco mais sobre o que é o Emancipa, e o trabalho que vocês tem feito ao longo desses 13 anos. Como é o seu envolvimento com o projeto, como tudo isso aconteceu. Você pode contar para a gente?

Luana: Começando do Emancipa: são 13 anos, né, então são 13 anos desses eu tô uma parte. Eu posso falar de uma parte anterior do que eu sei, do que eu já ouvi, do que  pessoas anteriores a mim, me falaram. E desde 2016/2017.

O que eu sei do início né, é que o Emancipa surgiu em 2007, a partir de um grupo do cursinho da Poli, vocês devem ter ouvido falar, que é um cursinho pré universitário também voltado para estudantes de baixa renda, mas tinha a política de cobrar. Mesmo que um valor baixo, tinha a política de cobrar um valor. E aí teve um certo, digamos, desentendimento, uma certa disputa mesmo sobre qual era o sentido do cursinho e o grupo meio que rachou. E fundou o primeiro cursinho em Itapevi, que é o Chico Mendes,  foi o primeiro cursinho da rede. 

O Chico Mendes começou como o cursinho, ele é o mais antigo, e a partir daí foi se espalhando.

E as pessoas que fazem parte do Emancipa são pessoas também bastante politizadas. Então é gente de coletivo político nacional… Então a partir de Itapevi em São Paulo, teve os primeiros cursinhos no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em outras cidades de São Paulo. A ideia do Emancipa é ser um cursinho pré universitário gratuito, com professores voluntários para jovens de periferia.

Mas a nossa ideia não é ter a mesma lógica do cursinho comercial, a gente claro que quer que os alunos passem no vestibular, mas a gente não entende que o vestibular é a melhor maneira de filtrar que irá entrar na universidade.

A gente acha que vestibular é um filtro, uma barreira social e racial, que na verdade mantém uma estrutura de desigualdade. Então a gente é um movimento. A gente chama de movimento social de educação popular, justamente porque a gente pensa que o nosso papel é usar a educação popular para promover uma emancipação. Isso passa pelos cursinhos mas não só. 

Então por exemplo, como a gente tá fazendo agora, nesse ano a gente tá com uma dificuldade que os cursinhos não tão, na prática, existindo. Do ponto de vista presencial.

Tem online, tem encontro online com os alunos, mas não é a mesma coisa que era antes. Então a gente tá fazendo uma série de outras coisas, então tá fazendo curso online para professor universitário, curso para educadores sociais, tá fazendo ação de solidariedade ativa. Coisas que a gente entende que é parte da educação popular, para justamente atuar no território. 

A ideia da Rede Emancipa é estar com os alunos, estar com os estudantes para a trajetória da entrada na universidade, e a nossa entrada da universidade para a gente não é qualquer entrada, então a gente não quer que os alunos entrem por entrar, a gente quer que eles entrem para disfrutar a universidade. A gente tenta ao máximo possível disputar os nossos alunos para ele sejam agentes de transformação da Universidade. Então a nossa ideia é ajudar eles a passarem no vestibular, mas também questionar a estrutura excludente.

E há treze anos que a gente tá nessa, 13 anos é que a gente vai fundando cursinhos, alguns acabam alguns retomam, alguns tem anos que não têm condições de ter e depois volta, mas no geral a gente tem crescido muito recentemente.

A gente tem professores voluntários e enfim, tem várias histórias aí da gente fazer as coisas de uma forma muito participativa, ao máximo possível. Porque a nossa ideia de fato é estar com os alunos, construir junto com eles.

A ideia do Emancipa é que seja um cursinho emancipador, no sentido de colocar para os nossos alunos que a gente é um movimento, que eles podem tomar parte disso.

 Por exemplo, para dar um exemplo para vocês, boa parte dos nossos alunos – quer dizer – boa parte das coordenações atuais são formadas por ex-alunos. Por exemplo, no cursinho que eu tô, eu tô coordenando o cursinho do Jd. Jaqueline, e uma das coordenadoras comigo é uma ex-aluna. Então isso é uma coisa que acontece, essa dinâmica para a gente é o ideal.

Ro: E a sua relação, como que você conheceu e começou a se envolver?

Luana: eu entrei na USP em 2012, no curso de psicologia. Eu sou de santos, sou natural de lá, vim para São Paulo e conheci o coletivo Juntos, que é um coletivo anti-capitalista, de juventude, que é parceiro da Rede Emancipa. E aí eu fui e comecei… eu tinha uma amiga que é a Nayara, não sei se vocês conhecem, e a Nayara tá na rede Emancipa desde 2014,  como coordenadora do cursinho do Grajaú, que é o Vladimir Herzog. E ela estudava história, na época que eu estudava psicologia na USP, e eu comecei a ir nas atividades do Emancipa, Então eu lembro que o dia que eu conheci, foi em 2014 – que conheci mesmo – foi o “Dia na USP”, um evento do calendário anual da Rede então a gente leva os alunos para passar um dia no Campus do Butantã, no aniversário de São Paulo. Apresenta os prédios, o que é que é o prédio da Fuvest, o que é o prédio da prefeitura do campus, o que que é o prédio do CRUSP, o que é o prédio da SAS, então a gente vai mostrando coisas da Universidade.

E sempre é um esquema muito grande, porque a ideia é levar os alunos dos vários cursinhos da região, então é coisa de ter mais de mil jovens ali no sábado.

Então precisa de um esquema para ajudar, para estar lá junto. E eu lembro que eu fui, em 2014, a Nayara me chamou para ajudar, para estar ali, enfim… no meio da coisa toda e eu fiquei muito encantada, obviamente, fiquei muito encantada em vê-los naquele espaço… Eu sou uma mulher negra que entrei num curso com 70 pessoas, que tinha duas pessoas negras. Isso no meu ano, no ano seguinte tinha zero, no ano seguinte tinha uma.

Então, ver aqueles alunos ali, eu ver eles escutando, colocando a universidade como um  espaço que eles poderiam estar, né, entendendo a estrutura universitária…E por isso que a gente chama de pré universitário.

A nossa ideia não é só que eles entendam só o vestibular, mas que eles entendam a universidade. O que é o papel dela na sociedade, o que que é permanência estudantil, o que é que é reitoria, o que é que é bolsa de permanência, o que é pesquisa. 

Esse tipo de coisa que não é tão óbvio para a juventude, principalmente para a excluída, essa é a ideia do Emancipa. Então o “dia na USP” compre muito esse papel: explicar o que é que é a estrutura Universitária.

E aí a nossa ideia era essa, e eu fui e me encantei, aí fui me aproximando ficava meio lá meio cá, e aí pelo fim de 2016, começo de 2017 – eu fui morar no Grajaú, por coisas da vida eu fui dividir casa com a Nayara e com mais um companheiro que a coordenador do Emancipa, e aí comecei a ir no sábado no cursinho.

Comecei a participar os círculos, comecei a entrar de fato ali no espaço de formação, comecei a apresentar projeto de saúde mental em especial no passado junto com eles depois que eu me formei. E aí a partir do começo desse ano também fundei um cursinho, junto com outra pessoa no Jardim Jaqueline extremo oeste de São Paulo.

 

Roberta: E é legal que você falou do espaço universitário, porque eu tenho aqui alguns dados, que até são bem preocupantes da nossa realidade. No Brasil hoje apenas cerca de 18% dos jovens em idade entre 18 e 24 anos estão na universidade, a maior parte das universidades particulares.

E em 2014 o Brasil assumiu uma uma meta, um compromisso com o Plano Nacional de Educação de que em até 2024 – daqui quatro anos – 1/3 dos jovens nessa faixa etária estaria matriculado no ensino superior. Só que a gente já tá em 2020, a média de crescimento tem sido um por cento e parece que o Brasil talvez alcance essa meta só em 2037.

Isso é um reflexo também de tudo que você tem dito, e dentro desse contexto que você falasse dessa perspectiva do jovem do jovem dessa juventude excluída nessa sociedade e o que que a sociedade pode fazer para tentar mudar essa realidade?

 

Luana:  A gente tem um entendimento que a universidade da maneira como ela é feita hoje,  não do ponto de vista de produção de conhecimento, mas do ponto de vista de papel que cumpre na estrutura de classe, a gente acha que é um instrumento de exclusão.

A gente acha que produz conhecimento de uma forma excludente que não considera o conhecimento das camadas populares, e que serve muito mais para o diploma ser uma distinção do que de fato um papel social.

Então, para gente não é surpresa ver o que a gente vê nas periferias. Entendendo que é parte de uma estrutura histórica de exclusão, que vem do colonialismo, que vem da escravidão; eu entendo por exemplo, porque quando eu entrei pela primeira vez em uma sala de aula do Emancipa e falei que era da USP todo mundo perguntou quanto eu pagava. Essa é a pergunta padrão. A própria ideia de universidade pública não existe, não existe. A própria ideia, por exemplo, quando a gente chega e os alunos falam o que é que é a Anhanguera, o que é que é FMU, o que é que é Uninove, falam como se fossem as melhores. E aí eu não estou falando mal dessas universidades em si, mas fala que é a melhor porque é a que vê na TV. É a que vê na propaganda. O que é que é a USP? É muito distante.

Então é algo que para a gente é muito duro de ouvir, mas também nos reforça o nosso papel.

A gente sabe que nem todos vão passar no vestibular, não é para todos passarem – apesar de que uma grande maioria, no nosso entendimento está preparado. Para a gente, para querer aprender basta não saber e basta querer ter um projeto de vida. Que envolva estar naquela área. Então, no nosso entendimento, a gente quer que os alunos passem, mas a gente entende se não passarem, e coloca aqui que o principal é que nos ajudem a tentar transformar a realidade.

Para a gente, tão importante são os que passam quanto os que não passam. Muitos viram  coordenadores do Emancipa e não passam. Vão passar daqui a 2 anos, vão tentar um curso técnico, vão trabalhar no curso técnico e depois passar. Para a gente o principal é entender qual é a estrutura universitária, procurar fazer um projeto de vida que inclua a universidade e também que procure mudar a lógica da universidade.

Para a gente é muito duro ver o que a gente vê, às vezes temos dificuldade com desistência, com evasão, porque não se entende direito, as pessoas precisam trabalhar, precisam ganhar dinheiro rápido. Os cursos do Emancipa são de sábado, manhã à tarde, e  sábado é dia de trabalhar na feira, sábado é dia de vender coisa, sábado é dia de ajudar a mãe em casa, sábado é dia de ir á igreja. Então a gente compete com muitas coisas, a gente compete com uma série de projetos de vida, de perspectiva de futuro que não são de disputar a universidade. E aí a nossa atenção é sempre essa, de fazer um equilíbrio entre os alunos. O aluno do Emancipa tem três tarefas: uma que é entender o mundo do vestibular e o seu lugar nele. Que na prática é entender a estrutura de classe, porque o vestibular faz parte disso. Segundo é fazer o projeto individual, que é entender as suas determinantes, a maneira como está colocado, mesmo dentro dos seus determinantes sociais. O que é que tem na sua vida que você pode usar para alcançar um certo lugar, fazer uma leitura de si no mundo. E a partir daí saber se o projeto individual. Em terceiro, o  projeto coletivo, que é o passo de entrar com a gente no movimento, mesmo que não seja um militante orgânico do emancipa, que ajude no cursinho de vez em quando, que vá num círculo no ano que vem, que vire um apoiador nosso.

Que coloque ajude nossa inserção naquele território, que se veja como parte de um coletivo, então que não tá sozinho no mundo. Então tem esses três passos do estudante do Emancipa que a gente tenta equilibrar, porque é muito difícil também a gente falar para o estudante que “ah se você não passar não quer dizer que você não é inteligente” esse discurso não alivia para a pessoa que quer passar. Mas também nos ajuda a dar um sentido mais geral.

Roberta: Mostrar as oportunidades, né?

Luana: Sim, mostrar as oportunidades e também mostrar que também, às vezes um curso técnico, às vezes o projeto de vida inclui algum tipo de negócio, às vezes o projeto de vida… isso não exclui o projeto coletivo, isso não exclui que você vá querer mudar a lógica de conhecimento, a gente tem que pensar na sua realidade. Como é que a gente pode ter uma lógica de conhecimento emancipadora. Pode ser que não envolva a universidade, pode ser que envolva daqui a três anos no seu planejamento do projeto individual.

Então o que a gente tenta fazer é esse equilíbrio do projeto coletivo e do individual.

Jana: Eu trabalho com TI já tem 7 anos, 9 anos se contar o tempo de web designer, e eu não sou formada. Eu estou como sênior na empresa onde eu trabalho, eu tenho um bom salário e é claro que eu gostaria de ter completado a faculdade, inclusive tô tentando fazer uma agora porque eu quero migrar de área. Mas eu consegui um bom emprego e ser bem sucedida na visão de várias pessoas, mesmo sem ser formada.

Luana: É isso. Muitos dos nossos alunos são bem-sucedidos em artes, na cultura, gosta de arte, gosta de cantar, gosta de teatro…e segue carreira. Vai para a companhia de teatro, vai na música entendeu? Esse tipo de coisa. Ou tem um negócio com cabelo… então são são maneiras de você se colocar no mundo. E eu acho que é muito diferente você estar nesse mundo, nesse lugar, não tendo uma noção da sociedade e das suas possibilidades, e outra coisa é estar nesse mesmo lugar com essa visão. Para a gente é diferente.

Pra gente é diferente porque você tem uma outra visão de mundo e de si. E você tem mais noção das suas possibilidades, não entende as coisas como dadas, não entende as coisas como “sempre foi assim e sempre vai ser assim”.

Eu acho que você entende melhor as possibilidades de mudança que estão nas suas mãos. Para a gente essa noção é bem importante

Jana: Isso também encaixa com outra pergunta que a gente queria te fazer, que é: como em um país tão desigual quanto o nosso, com tanta gente ainda falando em meritocracia, como que a gente encara o progresso individual? Por que existem tantas barreiras a serem enfrentadas por esses jovens?

Luana: É muito complicado, a gente vive num país que tem várias narrativas – no nosso entendimento para manter a população não questionadora. A narrativa da meritocracia, narrativa da democracia racial, da Igualdade entre gêneros, a democracia aqui no Brasil não tem preconceitos, então, são uma série de narrativas que as pessoas acreditam, ou que são instigadas a acreditar, e que ajudam inclusive a juventude a não questionar a ordem das coisas.

A meritocracia é uma dessas. A meritocracia é muito complicado de a gente questionar. Por exemplo, quando a gente vai fazer inscrição de cotas com os alunos do Emancipa. A grande maioria é contra a principio.

Eu que entrei na USP antes de ter cotas, fiz parte da luta para ter cotas. Eu entrei em uma  USP sem cotas, e saí de uma USP com cotas.

Eu tenho muito orgulho de ter feito parte disso, mas eu acho parte disso não foi só eu estar lá no movimento estudantil com outras pessoas procurando dentro da estrutura universitária mudar a regra do vestibular, mas parte dessa luta foi estar com os alunos do Emancipa que não entraram ainda, no debate sobre o que são ações afirmativas. Porque é diferente você entrar por cotas entendendo de cabeça em pé, do que você entrar no fundo não concordando. Isso às vezes acontece e é muito duro, muito doloroso.

Eu acho que a gente tentar conversar com os alunos sobre isso é fundamental.

Isso passa justamente pela primeira tarefa do aluno, que é entender o mundo do vestibular e onde você está nele. Entender que o mundo do vestibular serve para manter uma estrutura de classe, que não tem a ver com capacidades, não tem a ver com que você pode fazer, não tem a ver com a sua capacidade de entender e de ser um bom profissional de tal curso. Tem a ver com você pertencer a certas famílias e certos tratos sociais que querem se manter nessa classe social.

Então para a gente convencer os alunos disso, conversar sobre isso com os alunos é fundamental e nem sempre é uma tarefa fácil, porque você colocar a diferença entre igualdade e o que a gente chama de equidade, não a tarefa óbvia. Não é uma ideia óbvia,  que para você ter condições de igualdade, você às vezes tem que dar condições desiguais para corrigir um problema. Então a gente usa às vezes o exemplo do peso, é muito grosseiro, mas mas para tentar colocar o exemplo da equidade.

Se você tem uma balança, e lá tem 5 kg, e outra tem 15kg, você não vai ajudar colocando 5 kg em cada uma. Você tem colocar 10kg a mais em outra, porque as coisas são desiguais e as desigualdades são intergeracionais. E se não tiver algum tipo de política pública para tentar barrar isso, para tentar inverter essa lógica, para tentar gerar alguma igualdade…  mesmo com políticas que se a gente chama discriminação, é muito importante.

A gente fazer esse debate é fundamental. Pensando na minha trajetória, tão importante quanto foi ajudar a conquistar as cotas na USP, que eu fiz enquanto aluna da USP e do movimento estudantil, foi estar com os alunos de emancipa conversando sobre isso fora dos muros da universidade.

Conversando com eles sobre o que é que era isso, e muitos seguem não concordando,  mas a gente fazer esse debate é importante. A gente tirar o tabu disso é importante. Debater racismo com eles é importante.

É uma tarefa fundamental. O Emancipa sempre foi muito parte da luta por cotas na USP,  inclusive um dos grandes dias na USP que a gente teve que foi 2017/2016, que eu estava também, foram diass na USP com o tema “cotas”, em que a gente botou cartaz  “cotas já” na USP, ali com os mil estudantes pretos de universidade ocupando lá.

A gente vai querer entrar cotas e acabou. Fazer esse tipo de ação também foi bastante importante, porque coloca não só o nosso discurso mas a nossa prática de fato.

Jana: Eu tenho uma pergunta, bem pessoal até, principalmente pela sua formação em psicologia. Eu queria saber de você, como que a gente fala com essas pessoas, porque assim como a gente tem visto no nosso contexto político atual no país, às vezes é muito difícil a gente usar as palavras certas. Porque se eu vou falar de fascismo para uma pessoa, às vezes ela não entende o conceito do fascismo. Então como que eu me comunico com as pessoas para que elas consigam entender a necessidade das cotas?

Luana: Eu sempre lembro do Paulo Freire com essa pergunta, nesse tipo de questionamento, quando a gente fala de levar em conta o conhecimento do aluno a gente quer dizer levar em conta de experiências das pessoas. Acho que procurar sempre fazer um debate, fazer uma conversa que considere o ponto de vista do outro com muita humildade e muita tranquilidade. E também levar em conta o que as pessoas viveram. 

Quando a gente vai fazer um debate sobre racismo na Emancipa, por exemplo, sempre um tema que aparece e domina a metade da conversa cabelo. As alunas, eu digo alunas porque entre os alunos do Emancipa 70% é mulher, então vamos falar de racismo a gente parte da experiência das pessoas. Eu não vou falar direto do que é que foi a dívida histórica da escravidão. Eu posso falar que as pessoas acham que o meu cabelo é ruim. Por que? E vamos puxando, vamos puxar fio a fio, vamos conversar…de onde que vem o padrão de beleza? De onde que vem que os pretos tem o nariz feio? De onde que vem que a pessoa preta tem menos possibilidade de emprego? De onde que vem que menino que tem a pele mais escura toma mais baculejo? De onde que vem… e aí a partir da realidade das pessoas, fazer um debate de macro eu acho que é importante né, e entender que vai ter gente que não vai na hora concordar, acontece.

Vai ter gente que na hora não vai querer, vai ter gente que não vai entender na hora mas depois pode ser que entenda melhor, que depois repense melhor.

Pode ser que na próxima experiência de discriminação mais explícita que tiver, vai lembrar daquela conversa. Então, a gente tem muita tranquilidade, muita calma e muita paciência, e também levar em conta o conhecimento anterior, a experiência anterior é fundamental.

Então muitos alunos do Emancipa vão dizer que “não pode ter cota porque todo mundo é  igual, eu não aceito que porque eu sou preto eu sou desigual.” Vamos partir daí: se você não aceita que porque você é preto você é desigual, eu também não aceito. Então como é que é a desigualdade entre os pretos e brancos? Isso existe? Isso começou com cotas? Onde que você já viu antes das cotas?

Então a gente levar em conta o conhecimento prévio das pessoas é fundamental. Eu acho que isso é parte inclusive de se enxergar como  sujeito de conhecimento, se enxergar como sujeitos que fazem parte da experiência. Isso não é uma tarefa fácil, claro.

Por exemplo, quando eu falei para vocês da necessidade de ter ex-alunos na coordenação, eu falo disso. Muitos dos professores do Emancipa são estudantes de graduação, estudantes de história, estudantes de filosofia, estudantes de geografia. Exatas é sempre uma dificuldade. E às vezes parte de um lugar…é claro que depende da origem do estudante. Tem muito estudante periférico que vai fazer universidade e vai ser professor do Emancipa. Mas muitos têm uma origem que é, que a gente fala, mais difícil.

Por isso, eles na coordenação do cursinho, eles não podem ficar sozinhos na coordenação do cursinho. A coordenação tem que ser dividida entre pessoas com esse perfil e ex-alunos. Mesmo que não tenham passado no vestibular e são convidados para coordenação. Eles entenderam o que é o projeto do Emancipa.

Os dirigentes terem esse perfil é fundamental para a gente também. Ter esse perfil periférico, ter esse perfil de ex-aluno, que entende a experiência, para a gente é fundamental.

 

Jana: Eu acho tudo isso muito maravilhoso, sou uma grande fã do Emancipa. E aí como que eu, uma mulher branca, consigo falar sobre cotas sem roubar protagonismo, ocupando o meu lugar de fala da forma correta?

Luana: Para gente é tarefa de todo mundo combater o racismo. A gente não aceita que se diga que isso é um problema de pretos. Não foi um problema que a gente criou.

Claro que a gente tem que ser protagonista na luta, a gente tem que ter espaço de fala, a gente tem que ter lugar de visibilidade, mas a gente acha que todas as pessoas em especial as brancas têm que estar engajadas nisso.

Para gente é uma obrigação na verdade, porque é uma pessoa quer é do Emancipa ou que apoia a gente, concorda com o nosso projeto, entende que a gente vive ainda numa sociedade de exclusão e exploração. Entender também que a gente virar essa sociedade do avesso, passa pela pela tomada de consciência das pessoas que se identificam como classe trabalhadora.

A gente acha super fundamental que as pessoas brancas, que as pessoas não negras possam estar também lutando contra o racismo, não no lugar de protagonismo, mas que estejam na luta com a gente. Que seja uma luta periférica, por exemplo a Taline. A Taline é branca e é uma das coordenadoras mais valorosas do Emancipa. Que estava na fundação do Emancipa, que se formou como como dirigente por pessoas negras. 

Que entendeu  a luta e aprendeu a lutar com pessoas negras, e tem uma origem periférica.

Então para a gente fundamental respeitar nosso protagonismo, as figuras que vão falar serem pessoas negras, mas para gente é importantíssimo falar sobre isso. Se por exemplo,  a gente sempre tenta nos círculos só para para falar para vocês – o emancipa tem aula de português, biologia, enfim aulas do currículo, mas também tem o que a gente chama de círculos. Círculos de cultura, que são espaços de discussão de qualquer tema.

Então é um espaço como se fosse o círculo do  Paulo Freire. É inspirado nisso na verdade.

E um tema recorrente no círculo da racismo, é padrão de estética, cabelo, violência policial…  E a gente sempre tenta que uma pessoa negra da coordenação esteja nesses círculos. Se não tiver pessoa negra da coordenação, se não der para participar, se não teve como naquele dia, a gente é contra cancelar. A gente não acha que tem que cancelar a discussão, a gente acha que as pessoas brancas têm que ter a sensibilidade se colocaram como Rede Emancipa, e colocar os nossos posicionamentos como movimento. Não colocando a experiência individual dela. Então mesmo que não tenha uma pessoa negra no espaço, a discussão tem que ser feita.

Essa é a nossa linha geral.

 

Roberta: Agora eu vou só mudar um pouquinho de assunto porque você falou no começo sobre esse momento  que a gente está vivendo de pandemia. E aí imagino que seja um desafio imenso para vocês, e eu queria entender como que vocês estão se adaptando? O que é que vocês tem feito ou planejado fazer diante desse isolamento?

Luana: Então, isso é uma dificuldade enorme. Foi um sofrimento muito grande para a gente. A gente tinha todo um planejamento para esse ano, a gente iria ter pela primeira vez aulas inaugurais descentralizadas. Acho que a Jana já deve ter visto as nossas aulas inaugurais. Já viu, Jana? Que era no vão do MASP…

Jana: Já é maravilhoso, duas mil pessoas…

Luana: Três mil… isso! Aí a gente fazer para a primeira vez no ano, 30 aulas inaugurais nas periferias. Ia fazer e a gente ia cercar o centro, era assim que a gente tava brincando.

E aí não deu, a gente teve que cancelar dois dias antes. Ia ser dia 14 de março e dia 12 a gente tomou a decisão porque não tinha como, né. E aí não tivemos mais perspectiva de voltar, até porque as escolas em que a gente funciona fecharam. 

Então, a princípio foi a maior dificuldade, foi um baque… né, a gente se recuperou e cada cursinho de início nas primeiras semanas, cada cursinho foi achando o seu jeito. Alguns enviavam conteúdo online, enviavam conteúdo pelo WhatsApp, mas é sempre difícil porque muitos alunos não têm muitos dados paro o celular.  Computador quando tem é para a família toda. A grande maioria tem internet, mas não tem um bom computador. Tem o celular e aí com o celular tem a dificuldade do limite de dados. 

Então, primeiro fazer isso de mandar o conteúdo, a gente também tava com a ideia de encontros online, não dava para ser como se fosse uma aula, tipo manhã e tarde, porque ficava massante e ninguém aguenta, e a gente foi em aumento nas ações.

Nesse último mês a gente deu uma boa alinhada nas ações, e uma delas foi a solidariedade ativa, que a gente identificou como necessidade urgente porque as famílias dos alunos estavam empobrecendo muito rápido e o que teve de gente que perdeu o emprego, não foi brincadeira, gente que foi demitido enquanto aprendiz, gente que tava no período de experiência foi demitida…

É porque são jovens, né! Familiar que perdeu renda, ou que teve menos diária de faxina e a renda diminuiu. E aí a coisa ficou muito difícil, então a gente entendeu a necessidade de fazer mesmo a solidariedade ativa. Que é criar núcleos, a gente chama  de núcleos regionais, tem um no Grajaú, tem um com imigrantes no centro de São Paulo, estamos tentando fazer na zona leste, na zona oeste, que é mesmo de repasse de valor, num primeiro momento, depois de repasse de cestas básicas, produtos de higiene e livros. 

Que era para ajudar a dar uma segurada. 

A gente fez uma campanha de arrecadação, a nossa última campanha aqui em São Paulo foi de R$ 21 mil, bateu a meta e passou! A gente tá conseguindo repassar para algumas famílias de alunos e de pessoas em torno do cursinho.

Então essa foi uma das primeiras, entendendo que talvez não é exatamente o nosso tipo de prática, mas tem a ver com o que a gente acredita de fortalecer os territórios das comunidades, é era uma necessidade urgente. Mesmo que não fosse exatamente o que a gente acreditava como prática educativa, era uma ação emergencial.

Essa foi uma primeira coisa, além da das coisas online com os alunos, e uma segunda medida que a gente tomou, que eu tenho bastante orgulho de dizer que um dos primeiros cursinhos a fazer foi o que eu fundei no Jd. Jaqueline, que é o que a gente chamou de acompanhamento solidário. O primeiro nome era “tutoria”, mas a gente não gostou muito desse nome, e mudou para acompanhamento solidário. Que é basicamente você ter grupos menores, por professor. 

Não ser mais a divisão por matéria, mas o professor de biologia vai ter três alunos, o de matemática vai ter três alunos… a gente para com a coisa de matéria, na prática parou, e esse é mais um acompanhamento cotidiano.

Então você vai fazer o grupo de WhatsApp menorzinho, de só o grupinho falar, porque tem uma dificuldade com grupo de WhatsApp, porque são turmas novas, né, não se conhecem, não é a turma do ano passado. E aí o aluno não vai ficar falando no grupão. Então a gente viu que tinha que criar grupos menores com acompanhante solidário para cada um dos grupos de alunos. E isso tem dado certo, tem funcionado em algum sentido… e também uma grande iniciativa que no meu entendimento, é a que mais teve alcance até esse momento, que são as formações que a gente tem para rede como um todo. Tem uma formação em especial que eu achei muito boa, que é a formação do Pandemia e Periferia, que foi levada a cabo pela Universidade Emancipa, nem falei muito da Universidade Emancipa, foi fundada em 2016, é uma frente de atuação nossa, que é o que eu falei para vocês né, a nossa ideia não é só que os alunos entrem na universidade mas que eles disputem a universidade. A universidade Emancipa é um núcleo, dentro do Emancipa, de professores universitários aliados. Que vão em cursinhos, que dão círculos, que ajudam a elaborar programas, aulas… e são professores que têm uma visão de educação popular e que querem estar em movimentos sociais.

 E aí a gente juntou esses professores da universidade Emancipa, muito encabeçado pela Daniela Mussi, professora da USP do departamento de sociologia política – e a gente montou um curso online que, a princípio era para os educadores, para os professores voluntários. Porque também é uma dificuldade manter a mobilização deles, porque são voluntários. Se você concorda em dar aula voluntariamente no sábado e de repente não tem, é muito fácil você se afastar do movimento, se afastar da rede.

Então a ideia era, com certificado, fazer esse curso online. E a coisa estourou. A gente tava esperando 2 mil inscritos e a gente está com 17.500! E aí a gente foi fazendo, foi chamando gente, e está conseguindo muita parceria com isso.

Por exemplo, gente que não conhecia a gente, que não conhecia a rede e quer ajudar, quer fundar cursinho ano que vem, que quer de alguma forma prestar algum tipo de apoio às famílias. Eu sou psicóloga, no domingo passado eu fiz uma reunião com mais 40 psicólogos, que a gente não conhecia. Que chegaram ao Emancipa exclusivamente pelo curso online e que querem ajudar. E a gente vai mantendo contato com os cursinhos para ajudar no projeto individual.

São coisas que vão abrindo portas para a gente assim, então basicamente é, retomando tudo, a solidariedade ativa, a ideia do acompanhamento solidário. E para isso a gente está contando com a base, que a gente tá ganhando das pessoas que vem dos cursos online, e os cursos online, que a gente consiga estourar aí do grupo que a gente já mobiliza. Basicamente tem sido isso.

Jana: É tudo muito incrível, como sempre! Estou muito feliz de ter conversado com você. Ro: E quem estiver interessado em colaborar de alguma forma com o projeto, o que é que a pessoa tem que fazer?

Luana: Ai meu Deus! Agora não sei mais, depois que a campanha de vaquinha fechou… eu fico até pensando.

Gente, entrem no site da Rede Emancipa. www.redeemancipa.org.br e clique lá em “solidariedade ativa”, que vai ter as campanhas são abertas pelo Brasil. Porque a de São Paulo já fechou essa fase, mas tem outras que estão abertas. Eu também posso deixar o meu contato 9895-58545, que a gente pode enfim, conversar, pode mandar mensagem no Instagram da Rede, dizendo de onde você é para gente te colocar em algum núcleo, porque agora que não tá tendo mais só o cursinho, a gente não chama mais de tipo “cursinho Jaqueline” a gente quer ter o cursinho ainda, mas ele tá tentando fazer em núcleos. Então a pessoa que é da zona leste, que quer ajudar a gente… vou botar você em contato com a galera da Zona Leste. Se é de um estado que não tem Emancipa, Bahia por exemplo, Bahia não tem Emancipa. E uma galera da Bahia se inscreveu no curso da Pandemia e Periferia, e a gente não sabia o que fazer. A gente fez uma reunião Bahia, e por enquanto são reuniões.

A gente está pensando o que vai fazer no ano que vem. Então mesmo assim se não tiver perto da sua região a gente conversa, a gente tenta fazer e vai conversando;

Pode entrar em contato com a gente.

Ro: E tem alguma coisa a gente não perguntou, mas você acha que é importante falar?

Luana: Eu acho importante colocar que estudantes brasileiros têm que ser muito fortalecidos, muito defendidos, tem que ter muito apoio de todos os tipos de movimentos sociais e setores da sociedade. Porque claramente a primeiro que a juventude está sendo atacada completamente por esse governo, é um governo que ataca a própria juventude, que também a universidade enquanto espaço de conhecimento e que ataca basicamente os sonhos de futuro da juventude.

O ministro educação que fala que ele despreza de humanas, que fala que a universidade não tem que ser para todos, que ensino médio tem que ser para trabalhar direto. É um governo que claramente não entende a juventude que sonha, que tem projeto de futuro como algo importante para o país. Isso para a gente é trágico, é um projeto de necropolítica em vários sentidos. Então, a gente entender que os alunos são, que os estudantes, que a juventude… são muitas forças motrizes do processo de mudança do mundo, que são mesmo olhando a história a juventude é muito protagonista, também nesse momento a juventude brasileira periférica está sob ataque.

A própria questão do adiamento do Enem foi uma luta, pelo MEC não ia adiar. Pelo MEC iria ser um Enem bizarro, assim, e provavelmente ia ter vaga que não iria ser preenchida, que boa parte não conseguiria entrar porque não tá tendo aula, então foi só com muita insistência que adiou, mas um adiamento curto, então a defesa ao jovem brasileiro tem que ser muito forte.

É criminalizado, é morto, tem essa rebeldia que é própria dessa fase – como bandidagem,  tem os seus sonhos que também é próprio dessa fase – cortado, por política de corte em universidade, política de corte de permanência, por tentativas inclusive que a gente vai ver esse ano de tentar reverter a conquista de cotas sociais e raciais.

Nesse ano e no ano que vem isso vai ser um debate. Então acho que tem que ser muito defendida, muito apoiada de várias formas.

Ro:  Fazer pelo menos a nossa parte, eu acho, porque tentar depender o menos possível desse governo absurdo e tentar mudar a cabeça das pessoas para enxergar que a realidade pode ser muito mais do que aquilo que tão dizendo que ela pode ser né?

 Você quer deixar suas redes sociais, você falou do site do Emancipa, tem mais alguma outra para o pessoal seguir?

Luana: Pode ser as minhas e as do Emancipa. Eu sou Oi Luana Alves no Instagram, e no Twitter e é Rede Emancipa – só Rede Emancipa, no Instagram e no Twitter. Vocês vão achar centralizada, porque tem várias Rede Emancipa, porque cada cursinho faz o seu. Tem cursinho que gosta de ter a sua página do Instagram, a sua página no Twitter,  acontece. Mas tem uma unificada, que é a Rede Emancipa, se quiserem seguir dos outros cursinhos também fiquem à vontade, é ótimo.

Ro: Seguiremos todos. Sigam também, sigam a Ô Dona também. 

Adorei conversar com você, adorei te conhecer Luana, de verdade. 

Luana: Também!

Ro: Espero que a gente possa fazer outros podcasts futuramente com assuntos positivos de repente em relação a números melhores no Brasil.

Luana: Vamos torcer!

Jana: Foi ótimo o papo, muito obrigada pela disponibilidade a gente agradece de verdade pela sua participação e espero que a gente consiga contribuir para que o projeto continue crescendo e seja cada vez melhor. Seremos parceiras aí!

Luana: Obrigada gente, eu que agradeço pelo convite de vocês e agradeço muito, espero que tenha ajudado. Enfim estamos disponíveis sempre! Muito obrigada!

Ro: Diversidade de verdade só acontece através de ações inclusivas. A Ô Dona é um hub de mulheres de comunicação e tecnologia.

 

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Dona Jana é executiva de software com mais de 10 anos de experiência em empresas de tecnologia de estágio inicial a intermediário, incluindo gerenciamento geral, liderança em go-to-market e operações internacionais. Atualmente trabalha como presidente da empresa Odona, uma empresa focada em trazer diversidade para o mercado de trabalho brasileiro. Tem paixão por promover uma cultura inspiradora impulsionada por uma mentalidade de pessoas em primeiro lugar, com o objetivo final de fornecer uma experiência de classe mundial para funcionários e clientes. Estou dedicada a investir no crescimento de outras pessoas, operando com integridade e aproveitando a jornada!

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