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O que estamos assistindo: Mrs. America

O que estamos assistindo - "Mrs. America"

A minissérie baseada em fatos reais traz Cate Blanchett na pele da ativista conservadora Phyllis Schlafly, e retrata sua batalha durante a década de 1970 contra a luta feminista pela aprovação da Emenda dos Direitos Iguais.

ERA – Equal Rights Amendment

Apesar de garantir que todos sejam tratados com igualdade perante a lei, a constituição dos Estados Unidos não garante direitos iguais para homens e mulheres. Para preencher essa lacuna é estabelecida a Emenda dos Direitos Iguais, em inglês ERA (Equal Rights Amendment), aprovada 1972 pelo Congresso americano – com a condição de que deveria ser ratificada por 38 estados.

Essa emenda está pendente até hoje. Apesar de alguns estados terem a ratificado prontamente, a luta conquistar o número de estados exigidos demorou anos. Foi só em janeiro de 2020 que a Virgínia se tornou o 38º a ratificá-la.

Apesar disso, o prazo para que se obtivessem tais ratificações venceu em 1977, tendo sido prorrogado para 1982. Ou seja, surge uma nova batalha para que esse prazo seja novamente estendido com a finalidade de que tais ratificações sejam aceitas.

As contradições de Phyllis Schlafly

A advogada, ativista e escritora Phyllis Schlafly foi um nome de grande influência entre os conservadores republicanos dos Estados Unidos.

Na série, a personagem vivida por Cate Blanchett traz as nuances de uma mulher que nega e não compreende a necessidade do feminismo em sua vida, e como ela é prejudicada pelas limitações pelas quais luta sem entender.

Phyllis Schlafly, que se deixa dizer “submissa” ao marido em uma entrevista, defende que as donas de casa mantenham o “privilégio” de que a lei obrigue seus maridos a serem os provedores de seus lares. Foi assim que ela encabeçou uma batalha contra a ERA, baseando-se em argumentos falsos e até ingênuos como dizer que suas filhas seriam obrigadas a ir para a guerra e pessoas passariam a utilizar banheiros mistos.

Ao mesmo tempo podemos observar a ironia – e até hipocrisia – entre tudo que Schlafly defende e como ela age na prática. Ela é uma mulher talentosa e trabalhadora – não uma dona de casa. Uma mulher que deseja ser ouvida, que viaja pelo país fazendo política e que não tem tempo de cuidar da casa e de seus filhos – como ela diz – cuidados que deixa a cargo de suas menosprezadas cunhada e empregada.

 

Racismo e homofobia

Os temas de racismo e homofobia também são tratados pela série, inclusive suas criticas dentro do movimento feminista onde se aponta tokenismo. Em outros momentos os temas são trazidos para debate entre a liderança dos movimentos onde se fala sobre a necessidade de apoio e união principalmente por líderes como Bella Abzug, que depois se torna um dos primeiros membros do Congresso a apoiar os direitos dos gays nos Estados Unidos.

A série também retrata Shirley Chisholm, a primeira mulher e negra a se tornar candidata a presidente dos Estados Unidos, em 1972, e as dificuldades de conseguir recursos e apoio para seguir com sua campanha.

A minissérie produzida pela FX teve sua estreia abril nos Estados Unidos e chegou ao Brasil no final de setembro pela Fox Premium.

Aclamada pela crítica, recebeu dez indicações no 72º Primetime Emmy Awards, o que incluiu melhor roteiro e melhor minissérie.

Além de Cate Blanchett a trama conta com Sarah Paulson, Rose Byrne, Uzo Aduba, Elizabeth Banks, Margo Martindale, John Slattery e Tracey Ullman.

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